Sunday, February 20, 2011

TV Morena/MS - Porcos-do-mato devastam lavouras de milho e mandioca de Brasilândia/MS

Porcos-do-mato devastam lavouras de milho e mandioca de Brasilândia/MS

Queixadas invadem plantações atrás de comida por falta de frutas e raízes em reserva ambiental onde estão confinados
Fonte: http://rmtonline.globo.com/noticias.asp?n=430226&p=2&Tipo=

Edmir Conceição
  • Divulgação - Instituto Cisalpina
    Os queixadas andam em bando e são agressivos quando acuados

Lavouras de milho, mandioca e feijão em Brasilândia, a 408 quilômetros de Campo Grande, estão sendo devastadas por bandos de Queixada. A invasão desses animais está apavorando pequenos produtores, que não podem abatê-los e nem enfrentá-los.

Confinados numa reserva de 6 mil hectares depois da formação do lago da hidrelétrica de Porto Primavera, os porcos-do-mato aumentaram sua população e o alimento natural – frutos, talos e raízes – se tornou escasso. A Companhia Energética de São Paulo (Cesp) realiza estudos na reserva e espera transformá-la em RPPN (Reserva Particular de Proteção Natural).

Para o veterinário Carlos Alberto dos Santos Dutra, do Instituto Cisalpina, os animais ficaram 'mal acostumados' em processos de manejo e vão atrás de alimento fácil nas lavouras, embora considere outros fatores para a invasão, como a redução das áreas de florestas.

O Instituto Cisalpina é mantenedor de reserva natural, que tem pouco mais de 6 mil hectares e promove estudos sobre animais da região, especialmente os porcos-do-mato. A reserva fica a 18 quilômetros de Brasilândia e estima-se que tenha uma grande população de queixadas. Em oda área de influência da barragem de Porto Primavera vivem animais que hoje estão ameaçados de extinção, como o jacaré-do-papo-amarelo, as antas e os cervos-do-pantanal.

Carlos Alberto Dutra disse que o Instituto Cisalpina, está buscando uma solução para evitar mais prejuízos. Segundo ele, os animais chegam em bandos de até 40. Atacam as plantações de milho, mandioca e feijão. Ninguém ousa enfrentar os queixadas. Para espantá-los, os produtores detonam fogos de artifício.

As lavouras devastadas pelos porcos pertencem a produtores que foram reassentados após a inundação de 7% do território de Brasilândia. Eles fazem parte da Associação de Produtores Agroecológicos de Subsistência Familiar do Reassentamento Santana e Santa Emília.

A bióloga Floriana Débora de Souza Ladeia, do Departamento de Estudos e Pesquisas do Instituto Cisalpina, está ajudando os produtores a se proteger dos visitantes indesejáveis.

Técnicos da Sema e do Ibama também foram chamados para discutir uma forma de conter os animais na reserva. Os produtores já decidiram cercar as propriedades com arame, mas eles querem que a Cesp banque os prejuízos e encontre um meio de manter os porcos-do-mato dentro da reserva ambiental.

'Tayassu Pecari'

O queixada, nome vulgar da maior das duas espécies dos porcos-do-mato que vivem no Brasil, tem o corpo coberto por pêlos longos e grossos, de coloração cinza-escuro.

Uma glândula na base da cauda produz um odor forte e característico, que age como fator de coesão do grupo e de marcação de território. Pode tornar-se agressivo e até mesmo atacar o homem, quando acuado.

Seu habitat natural são florestas densas e úmidas. O queixada se alimenta de frutos frutos, raízes, talos e pequenos animais, tendo grande capacidade de deslocamento.

Sobre essas características o Instituto Cisalpina sugere que a reserva mantida pela Cesp é insuficiente para manter tantos indivíduos. Logo após a inundação provocada pelo represamento do rio Paraná para construção da hidrelétrica de Porto Primavera, a Cesp introduziu na reserva 90 animais. Hoje eles devem passar de 400 segundo estimativas.

Segundo o Instituto Cisaltina, o lago da usina da Cesp inundou mais de 3 mil pés de manga, fontes naturais de alimentação dos queixadas e catetos. 'Quando o lago foi formado, técnicos arrebanhavam os animais com cevas de milho e mandioca. Por isso hoje eles são atraídos pelas plantações', acredita Carlos Alberto Dutra.

A seu ver, a solução imediata é cercar as lavouras, mas defende que a Cesp promova com as queixadas estudos que já são feitos para o controle da população de catetos, que são da mesma família dos porcos-do-mato. “A derrubada das áreas florestadas é a principal ameaça ao habitat natural desses animais', diz.

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