Tuesday, February 15, 2011

Dez mil animais na região e cerca de 30 municipios afetados

Infestação de javalis gera prejuízos em Espera Feliz

Publicado em 14/02/2011 às 13:18
de Espera Feliz

Produtores rurais contam os prejuízos nas lavouras destruídas pelos animais

Em Espera Feliz, produtores rurais contam os prejuízos nas lavouras destruídas por javalis. A Ecobrigada da cidade, a Polícia Florestal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) buscam medidas para tentar conter o avanço do porco selvagem.

Há dez anos alguns animais fugiram de um criatório nos arredores de Espera Feliz. Os javalis se reproduziram e hoje o bando já deve passar dos dez mil animais. No meio dos cafezais há vestígios da destruição causada por eles.

A Comunidade do Chalé, em Espera Feliz, está apreensiva com a invasão de javalis. Segundo o engenheiro agrônomo Fábio Quick Lourenço, são animais que vieram da África, têm hábito noturno, andam em bando, preferem a mata fechada, mas se alimentam das plantações e podem atacar humanos.

Por conta dessa invasão, os produtores contam os prejuízos. É o que acontece com o produtor rural Denivaldo Oliveira, que tem prejuízos em na plantação de milho. Ele tenta afastar os animais, mas eles sempre voltam. O Ibama negou autorização para caçar o bicho. O jeito é ficar atento para qualquer indício.

Na casa da produtora rural Márcia Pereira, as aparições são constantes. Parte da colheita de milho dela também está destruída. Uma fêmea jovem e ferida apareceu em na propriedade e foi presa. De acordo com Márcia, conviver com os javalis rodeando a propriedade a deixa com medo porque sabe que o bicho é agressivo.

Segundo o presidente da Ecobrigada de Espera Feliz, Aldo Luiz, os javalis também ocupam áreas no Espírito Santo e Rio de Janeiro. O desequilíbrio ambiental se dá pela falta dos predadores naturais do animal. Além disso, pode causar a extinção de várias espécies. Os javalis podem consumir toda uma população jovem de palmito, ovos de aves, como os de saracura, Inhambu, perdiz e marreco silvestre, além de outras que costumam jogar seus ovos no chão.

A Ecobrigada batalha junto ao Ibama e à Polícia Ambiental para diminuir o número de animas da melhor maneira possível.


O javali é originário principalmente do norte da África, mas se adapta a qualquer ambiente. Por isso, se reproduz com facilidade no Brasil. A estimativa da Secretaria de Meio Ambiente de Espera Feliz é que haja cerca de três mil animais na região da cidade. A caça foi proibida pelo Ibama em outubro de 2010 por não ser considerada eficiente no controle populacional da espécie.

Já a criação do javalis para comercialização da carne é permitida desde que cumpridas normas estabelecidas pelo Ibama.

1 comment:

renata said...

Desde pequenos, nossos pais nos ensinam a repetir os nomes das coisas. Daí acreditamos que aquela “coisa” “ali” realmente se chama “bicho”, “inimigo” ou “papai”. Somos treinados em um tipo de raciocínio que afirma que se uma coisa é boa ela não é ruim.

Temos dificuldade em enxergar as coisas como pontes ou plataformas.
Separamos o mundo em "eu" e "aquele". Se algo em nossa sociedade atrapalha, então devemos destruí-lo. Se aquele animal invadir a minha terra, eu devo atirar nele. Precisamos sair desse “piloto automático” ao pensar. Por que é tão difícil exercitar o pensamento construtivo!? De fato, deve ser mais fácil criticar, desacreditar ou destruir qualquer coisa percebida como oponente.

Acredito que o que fazemos com a caça (legal) de animais não seja diferente. Alguns animais são rotulados como “pragas”. O curioso é que o próprio ser humano permitiu que se tornassem “pragas”, através do desequilíbrio ambiental. É extremamente raro um ecossistema desequilibra-se naturalmente, de modo que a intervenção humana não seria necessária.

É claro que alguns animais tornam-se problemas com a superpopulação (como os citados javalis , porcos do mato). Mas a incapacidade de ultrapassar o diagnóstico para uma etapa de tratamento é um tipo de paralisia. E nossa sociedade acaba fazendo agindo assim com tudo: precisamos de mais e mais prisões (mas não recuperamos o preso), mais e mais armas de destruição, mais e mais calmantes, muros altos, cercas elétricas, carros com os vidros fechados.

Reconheço que numa sociedade tão urbana quanto a nossa, poucas pessoas estão tão próximas da natureza quanto o caçador. Oxalá encontraremos uma alternativa aos animais do que caçá-los. Melhor aprendermos a gerar ciência daquilo que impede o movimento natural do dedo que puxa o gatilho. Isso é respeitar a vida.

(Existe anticoncepcional para animais)
Rubens Torati