Monday, February 14, 2011

Pesquisador lamenta que o imediatismo de uma grande parte dos agricultores

Custos de produção impedem crescimento da agricultura
Ma Shou Tao Agrícola 2011 promove palestras que discutem economia e sustentabilidade na produção brasileira
Ma Shou Tao Agrícola 2011
14/02/2011 Comente esta notícia Envie a um amigo Aponte Erros Imprimir

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Para o pesquisador do IAPAR, Londrina (PR), engenheiro Agrônomo e doutor em solos, Ademir Calegari, mesmo em um momento em que a agricultura brasileira é promissora aos produtores, devido à demanda mundial crescente por alimentos, aos satisfatórios preços das commodities e, também, pela busca de produção de energia limpa, por outro lado, os custos de produção têm se elevado muito. Ele destaca principalmente o custo de fertilizantes químicos e pesticidas (herbicidas, inseticidas, etc.). “A busca de uma agricultura sustentável é fundamental e, o Sistema de Plantio Direto (SPD), incluindo o adequado uso de plantas de cobertura e a rotação de culturas (seqüência racional de plantas), são os fundamentos para o sucesso desse sistema”, afirma. O pesquisador conta que, na região dos Cerrados, em geral, uma boa parte dos produtores t&e circ;m muito para se desenvolver. “É escasso o uso da adequada rotação de culturas e da própria utilização de plantas protetoras e melhoradoras das propriedades do solo. Assim, é preciso que os produtores busquem informações sobre as principais espécies de cobertura de solo indicadas para cada região”, ressalta. Ademir cita como exemplo a aveia (preta e branca), nabo forrageiro, tremoço branco, ervilha forrageira, ervilhaca (peluda e comum), milheto, crotalarias (juncea, spectabilis, ochroleuca, etc.), sorgo forrageiro, capim pé-de-galinha-gigante, Stylosanthes, (coquetéis ou Mix de diferentes espécies), que podem ainda em algumas situações agregar o girassol. “Esse mix tem a vantagem de se juntar várias espécies com características diferentes e com habilidade diferenciada quanto à absorção de nutri entes, reciclagem, sistema radicular explorando áreas diferentes do perfil, melhorando infiltração de água, e principalmente aumentando a biodiversidade, diminuindo riscos do ataque de pragas, doenças (nematóides)”, destaca. Ademir também lembra da elevada adição de carbono orgânico ao solo, com utilização correta das culturas, pois uma boa parte será capturada pelo solo (seqüestro de carbono). “A utilização de brachiarias, no sistema de integração lavoura/pecuária/floresta, também é uma ótima alternativa na produção de biomassa na entressafra, além de melhorar os atributos do solo, contribui com o aumento da renda por unidade de área”, avalia.

O pesquisador lamenta que o imediatismo de uma grande parte dos agricultores, aliado ao não diagnóstico, acompanhamento/monitoramento por glebas (níveis de nutrientes, melhoria da matéria orgânica, rendimento das culturas, etc.), a pouca utilização de diferentes espécies (coquetel) de plantas de cobertura, além do inadequado uso de gramíneas (brachiarias e outras) tenha contribuído para que muitos produtores não alcancem rendimentos favoráveis estáveis ao longo dos anos. Ademir Calegari é um dos palestrantes do Encontro Ma Shou Tao Agrícola 2011, que acontece nos dias 16 e 17 de fevereiro, na Agropecuária Boa Fé, município de Conquista (MG) e deverá reunir cerca de 2,5 mil pessoas.

Entre as discussões que ainda devem acontecer no evento e acirrar a curiosidade dos participantes também está o critério na utilização de agrotóxicos. O ressurgimento da ferrugem da soja no Brasil, em 2002, e em todo o Cone Sul, segundo o pesquisador Fernando Cezar Juliatti, evoluiu em muito o uso de fungicidas na cultura da soja, levando o Brasil a liderar o ranking do uso de agrotóxicos ou defensivos agrícolas no cenário mundial. “Com esse novo status, muitas modificações ocorreram no quadro tecnológico da cultura da soja e na sustentabilidade da produção da oleaginosa. Apesar do surgimento das primeiras cultivares com resistência parcial ao patógeno, toda atenção e critério tecnológico no uso de fungicidas deve ser sistematicamente avaliada a cada ano ou safra, considerando tecnologia de aplicação, interv alo, rotação de princípios ativos, monitoramento das populações resistentes ao patógeno e novos fungicidas com modo e ação diferente”, explica.

O pesquisador considera o evento Ma Shou Tao Agrícola como um dos maiores eventos para atualização contínua sobre o agronegócio. “Sua repercussão ultrapassa as fronteiras do nosso país. É um prazer ser um dos palestrantes deste evento, que a cada ano nos motiva a manter uma cadeira cativa em participar. Além disso, tem uma causa social, pois colabora com sua arrecadação para o Hospital do Câncer de Uberaba, entre outras instituições. Isso nos motiva a dar o máximo na nossa participação, com entusiasmo e sabedoria, ao levar as informações para o público visitante,” avalia.

Maiores informações sobre como participar do evento podem ser obtidas por meio do e-mail falecom@mashoutao.com.br. As inscrições também podem ser feitas pessoalmente, no local e no dia do evento.

Serão realizadas mesas redondas para debates e visitas guiadas ao sistema de produção.

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