Prejuízo no rastro do javali
Animais estão devorando lavouras de milho no Centro-Oeste do Paraná. Produtores reclamam perdas e IAP tenta identificar origem do bando
Publicado em 17/06/2008 | Dirceu Portugal, correspondente em Campo Mourãohttp://www.gazetadopovo.com.br/caminhosdocampo/conteudo.phtml?id=777073
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Dirceu Portugal/Gazeta do Povo
Ampliar imagemAnimais abrem clarões em meio à lavoura de milho. Além do prejuízo da quebra na produção, agricultores gastam com rojões para espantar os javalis.
IAP “caça” os animais
Por conta das reclamações, o IAP realiza um levantamento para identificar a origem dos animais. “A criação de javalis foi autorizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), mas por falta de cumprimento da legislação, em relação ao recinto dos animais, muitos criadores tiveram a licença suspensa. Existe a suspeita de que os javalis fugiram de um caminhão que se envolveu em um acidente ou de criatórios na região”, diz o biólogo do IAP, Mauro Britto. Ele lembra que um monitoramento já está sendo feito para capturar os javalis. Britto orienta que os agricultores, ao perceber a presença dos animais, anotem locais e horários e avisem o IAP. “Essas informações devem ser encaminhadas formalmente para que o órgão tenha mais dados para justificar uma atitude futura.”(DP)
Produtores rurais da região de Quinta do Sol, no Centro-Oeste do estado, vêm tendo que lidar com uma situação inusitada nas lavouras de milho safrinha desse ano. Além de tirar o sono dos agricultores, o ataque de um bando de javalis está causando muito prejuízo. Em algumas lavouras, informam os produtores, as perdas ultrapassam 30% da área cultivada. O ataque ocorre principalmente à noite. Por onde os animais passam, deixam um rastro de destruição. Na maioria das lavouras, os animais derrubam o pé de milho inteiro e comem uma pequena parte da espiga. “Eles derrubam 10 pés e comem duas espigas, o restante apodrece no campo”, diz o agricultor Lourival Arrigo. Ele plantou na propriedade 23 alqueires de milho safrinha, mas já perdeu 2,5 alqueires, ou cerca de 300 a 400 sacas, após o ataque dos javalis. “O milho está em fase de enchimento de grãos e depois da quebra do pé, o que sobra apodrece.” Arrigo acredita que o ataque ocorre por ter a lavoura cercada por uma mata nativa e por fazer divisa com dois rios que cortam a região. “Eles têm tudo o que precisam: comida e água.” Para tentar amenizar os prejuízos, Arrigo já gastou cerca de R$ 500 em fogos de artifício. “No início da noite e durante a madrugada, os rojões são soltos para espantar os animais. Em algumas áreas, o que se percebe é que eles já se acostumaram com o barulho e continuam atacando”, diz Arrigo, que convida amigos para fazer ronda na propriedade e evitar o ataque dos animais. “Eles são ferozes. Geralmente soltamos os rojões próximos às árvores de grande porte.” O agricultor acredita que além dos prejuízos na lavoura, os javalis estão comendo ovos de aves da região, causando um desequilíbrio ecológico. “Antes era comum encontrar perdizes, tatus e codornas”, lembra Arrigo. Segundo ele, caso não seja tomada nenhuma providencia, o plantio da próxima safra deve ficar comprometido. “Nenhum produtor faz lavoura para ter prejuízos.”
O agricultor José Pereira Nunes plantou 16 alqueires de milho, teve prejuízos em dois alqueires e perdeu as contas dos gastos com fogos de artifício e combustíveis para a motocicleta. “Sem contar as noites de sono perdidas por conta dos javalis. Se deixar, eles colocam tudo no chão”, diz Nunes, que colocou espantalhos na lavoura. “Mesmo assim, em três dias, eles fizeram um estrago no milho.”
Além de 1,5 alqueires de safrinha, o agricultor Antônio Pereira Nunes ainda teve uma parte da plantação de mandioca destruída pelos javalis. “Eles comem tudo o que aparece pela frente.” De acordo com o engenheiro agrônomo Evaristo Machado dos Santos, os agricultores estão sendo orientados a fotografar os estragos causados pelos javalis e comunicar, através de documentos, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP).
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