Projeto Javali |
Coordenador: Biólogo Carlos Salvador
2 - Agravantes Contexto Os javalis são listados como uma das 100 piores espécies exóticas invasoras no mundo e já chegou no Brasil. A espécie já está presente em, pelo menos, 8 estados brasileiros espalhados em mais de 80 municípios. A taxa de contaminação no Rio Grande do Sul foi de 10 km/ano. Em Santa Catarina, os javalis e porco-ferais já constituem grandes populações asselvajadas com os seguintes riscos: • O meio ambiente é afetado através dos distúrbios diretos nas espécies nativas de porcos-do-mato, especialmente no que se refere à alimentação e a doenças. Um dos porcos-do-mato nativo, o queixada (Tayassu pecari), de ocorrência em Santa Catarina e ameaçados de extinção. Fotografado em Capão Alto em outubro de 2008. • A economia é diretamente afetada pelos javalis asselvajados através dos prejuízos causados em lavouras e na produção suína, por serem reservatórios das mesmas doenças que os porcos domésticos. O comércio internacional da carne de porco pode ser prejudicado pelo elevado risco de transmissão de doenças, ocasionando conflitos com os padrões internacionais de sanidade animal. Exemplo de ataque de javalis asselvajados em lavoura de milho – Ponte Serrada, 2006. Foto: Samuel Coppe. • As conseqüências sociais já podem ser observadas em pequenas propriedades, pois produtores rurais já não conseguem produzir em lavouras próximas às áreas contaminadas por javalis. Eventuais sanções internacionais por falta de controle sanitário deverão afetar toda a cadeia da indústria suína gerando desemprego. Os riscos econômicos e sociais da presença de populações selvagens descontroladas de javali e porcos-ferais são proporcionais aos expressivos números da indústria da carne suína em Santa Catarina (fonte: ACCS): • Rebanho permanente de 6,2 milhões de cabeças; • Possui cerca de 12 mil suinocultores (10 mil no sistema integrado); • Responsável por 25% da produção nacional e 0,7% da produção mundial; • Participa com 31 % das exportações brasileiras; • As 5 grandes empresas nacionais tem matriz no estado (Sadia, Perdigão, Seara, Aurora e Pamplona) e detêm 60% dos abates e 70% dos negócios suinícolas do país; • Na Região oeste, concentram-se 70% do rebanho; • Participa com 21% do PIB estadual; • Emprega diretamente em torno de 65 mil e, indiretamente, mais de 140 mil pessoas. Toda esta indústria é fomentada, em parte, pela qualidade da carne catarinense que possuiu elevado grau de sanidade do rebanho segundo organizações internacionais (fonte: ACCS): • Livre de Febre Aftosa desde 1993; • Erradicação da Doença de Aujeszky; • Livre de peste Suína Clássica desde 1990; • Reconhecimento nacional como área livre de Aftosa sem vacinação desde 27.04.2000; • Reconhecimento pela OIE como livre de Aftosa sem vacinação – 25.05.2007. Por outro lado, os javalis e porco-ferais são reservatórios de todas estas doenças e suas populações descontroladas podem ter reflexos econômicos e socais sérios em função da dependência dos títulos e reconhecimentos internacionais de sanidade animal. Na Austrália, por exemplo, os prejuízos diretos da agroindústria relacionados às populações de porco-ferais já somam 100 milhões de dólares por ano, pelos mesmos motivos expostos acima.
Há cerca de 20 anos os javalis vem se proliferando na natureza em Santa Catarina. Os javalis foram introduzidos no estado por volta dos anos 90 e logo começaram a dar prejuízos aos produtores rurais. Os primeiros registros são de 1993 no meio oeste, como em Passos Maia e Ponte Serrada. Até 2003 existiam mais de 500 criadores de javalis em Santa Catarina que juntos somavam mais de 5 mil cabeças (EPAGRI), com apenas 4 legalizados e autorizados pelos órgãos competentes. Parte deste rebanho pode ter escapado e/ou solto na natureza após as restrições atuais para criação da espécie. O mapa abaixo exemplifica o potencial risco de contaminação em Santa Catarina e as áreas de estudo do projeto.
As primeiras iniciativas governamentais começaram por volta de 2000, mas até hoje não se tem informações suficientes para tomada de decisão, como sanidade dos animais, origem (local e data) da contaminação, número de indivíduos na natureza e seus deslocamentos etc. Os javalis asselvajados têm elevada capacidade de deslocamento e podem ter acesso livre a regiões contaminadas por febre aftosa como o Rio Grande do Sul, Paraná e Argentina.
Porcos-domésticos criados soltos no oeste de Santa Catarina. A prole com listras evidenciam o contato direto com javalis asselvajados.
Em 2007 foi regulamentado o abate dos javalis asselvajados em Santa Catarina através da caça por produtores rurais, mas se desconhece a efetividade do método e a falta de informação impede qualquer avaliação do esforço. Ou seja, sem o número de indivíduos, não se pode avaliar se a população está aumentando ou diminuindo. A caça é um método ainda questionável. O método foi testado no Rio Grande do Sul e o grande esforço abateu poucos animais. Sem o devido controle, este método pode ainda aumentar a caça das populações nativas. A caça descontrolada pode também agravar a situação da sanidade no estado por dissipar as populações selvagens de javalis e circular carne contaminada proveniente do abate. Possivelmente, a erradicação não é mais viável. As populações selvagens de javalis já devem alcançar elevado número de indivíduos, ocorrendo em áreas de difícil acesso e protegidas por lei como no Parque Nacional das Araucárias, entre Passos Maia e Ponte Serrada.
O PROJETO As características atuais da contaminação biológica de javalis em Santa Catarina exigem ações urgentes, baseadas em informações consistentes, que envolvam o poder público, o setor econômico e instituições da sociedade civil organizada. A maior demanda inicial é o levantamento de informações para subsidiar a devida tomada de decisão e para subsidiar o posterior monitoramento das ações. Por se tratar de populações selvagens, a situação demanda um programa baseado em técnicas de manejo de vida silvestre, como telemetria, armadilhas fotográficas e biologia molecular. Objetivo Geral Fornecer subsídios para o manejo de populações selvagens de javali no estado de Santa Catarina e estabelecer programa de divulgação dos resultados. Objetivos Específicos • Estimar tempo e local da contaminação de javalis e sua proliferação. • Avaliar a sanidade dos javalis e das espécies nativas. • Estimar horário de atividade, área de vida e padrões de deslocamento. • Avaliar os distúrbios ambientais da contaminação biológica do javali em Santa Catarina. • Desenvolver e monitorar métodos de controle das populações selvagens e mitigação de seus distúrbios. • Divulgar resultados. Equipe
• Apoio
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Wednesday, February 16, 2011
Projeto Javali - Caipora.org
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