PBH gasta R$ 5 mi ao ano para capturar animais abandonados e devolvê-los às ruas
Publicação: 20/01/2011 06:34 Atualização: 20/01/2011 13:47
Na Sociedade Mineira Protetora dos Animais, voluntários como Gabriela Braga cuidam de cerca de 700 cachorros e não há mais vagas |
“Antes eles matavam; agora, abandonam”, critica a promotora de Meio Ambiente de BH, Lilian Marotta, lembrando que, até 2006, a prefeitura recolhia e sacrificava os cães de rua. Depois de uma briga judicial, que envolveu entidades de defesa dos animais e o Ministério Público, o extermínio foi proibido, mas outro problema surgiu: “O poder público está concentrado na saúde humana, no controle de leishmaniose. Não há uma política pública que tente solucionar o abandono. Não há uma promoção da prefeitura para a adoção nem sequer um abrigo para acolher esses bichos” aponta.
Para piorar, quem quer entregar um cão ou gato para adoção esbarra em outro entrave: lotada, a Sociedade Mineira Protetora dos Animais tem cobrado R$ 200 dos donos que optam por entregar seus bichos. O impasse tem deixado muitos belo-horizontinos de mãos atadas. Douglas da Silva está nessa situação há um ano. Dono de um cocker há seis anos, Douglas se viu obrigado a doar o cão depois que descobriu que seu filho, de 2 anos, era alérgico. “A prefeitura não tem um espaço e não tenho condições de pagar R$ 200 para uma ONG. As outras organizações também dizem que não há vagas. Não tenho coragem nem vou abandoná-lo na rua, muito menos sacrificá-lo”, relata. Por motivo diferente, a família de Pablo Gabriel Viana enfrenta problema semelhante: há cinco meses tenta entregar a vira-lata Preta a algum órgão que possa cuidar dela, que está muito doente. “Nosso medo é de que a doença possa contaminar os outros cães da casa ou até mesmo a própria família”, diz Pablo.
Despesa
Desde que foi proibido de sacrificar cães abandonados, o Centro de Zoonoses de BH os recolhe de áreas com alto índice de casos de leishmaniose. Eles são levados para o centro, no Bairro São Bernardo, na Região Norte, e submetidos ao teste para a doença. “Caso o resultado seja positivo, fazemos a eutanásia”, conta o secretário municipal-adjunto de Saúde, Fabiano Pimenta. Caso dê negativo, é implantado em cada indivíduo um microchip contendo informações sobre sua saúde. Depois, ele é vacinado contra raiva e castrado. “Em seguida, fica para a adoção, no Centro de Zoonoses, durante 15 dias. Se não aparecer um dono, volta para a rua”, conta Pimenta. A manutenção do centro custa aos cofres públicos R$ 5 milhões por ano, sem contar os salários dos funcionários. “Só para a implantação do chip são R$ 250 mil anuais.”
O índice de retorno de cães e gatos para as vias da cidade é bem maior do que a possibilidade de eles encontrarem um lar. São atualmente, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), 288,7 mil cães e 38,7 mil gatos em BH. Destes, estima-se que 10% estejam nas ruas. No ano passado, 10.568 cães sadios foram recolhidos, castrados e entregues à adoção. Destes, 3.170 conseguiram um lar e 7.398 voltaram para as ruas. Os doentes, que foram sacrificados, representam 40% do total de 17.613 cachorros recebidos no Centro. Ou seja, mais de 7 mil foram mortos.
Os R$ 200 cobrados pela Sociedade Mineira Protetora dos Animais para donos que queiram entregar seus companheiros, segundo conta a presidente da ONG, Leilane Lopes, destinam-se a manter o abrigo funcionando. “Não recebemos nenhum recurso da prefeitura”, diz. Quando cães ou gatos de rua estão machucados ou doentes e não têm dono, a ONG os recolhe. Por semana, segundo ela, são recebidos cerca de 30 animais, dos quais oito são adotados. “Nossa despesa é alta. Apesar da ajuda de voluntários, temos funcionários para pagar. Contamos com o trabalho de veterinários. Recebemos doações de comida, mas já estamos no limite”, afirma. Para a promotora Lilian Marotta, esse tipo de problema não pode ser um ônus para as entidades: é responsabilidade do poder público.
A única solução prevista para o desafio – que envolve também a consciência de quem decide criar um animal, além de representar uma ameaça à saúde pública – é um convênio entre a prefeitura e uma ONG (cujo nome ainda não foi divulgado), no valor de R$ 200 mil, a ser formalizado neste semestre. “O objetivo do acordo é realizar ações de mobilização e feiras de adoção. Além disso, vamos criar centros de zoonoses na cidade. Hoje, temos nas regiões Oeste e Noroeste e uma unidade móvel. Queremos implantar nas regiões Leste e Nordeste”, diz o secretário-adjunto Fabiano Pimenta.
2 comments:
A prefeitura Castra os animais antes de encaminhá-los a outros lugares e desta forma impede que os animais se multipliquem, os animais de rua castrados ocupam o espaço que animais reprodutiveis ocupariam e desta forma a multiplicação é reduzida, o sacrificio de animais nunca solucionou o problema antes, existem diversos estudos sobre isso e esta é uma política adotada nas cidades mais avançadas.
Estes animais castrados de volta as ruas continuam sendo transmissores de doenças e consumidores de todo tipo de fauna nativa. Dezenas de pessoas estão morrendo ou sofrendo com leishmaniose graças a essa irresponsabilidade das autoridades em conviver com estas pragas
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