Bons resultados na colheita do Sudão
Favorecido pelos baixos custos de produção na África, terra fértil e boa logística de transporte, o produtor mato-grossense, Gilson Pinesso, com lavouras em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, já está colhendo bons resultados com a sua primeira safra de algodão e soja, no SudãoDiário de Cuiabá
A produtividade, apesar de ser menor do que a de Mato Grosso - maior produtor brasileiro - acaba compensada pela boa renda obtida pelo produtor.
Pinesso plantou este ano 500 hectares (400 ha de algodão e 100 ha de soja), num projeto experimental na região do Sudão, e colheu 2 mil quilos de soja por hectare. “O rendimento ficou um pouco abaixo do esperado porque plantamos com atraso de 50 dias devido à demora na liberação dos insumos (fertilizantes e inoculantes). Mas o baixo custo acabou compensando esta perda e podemos afirmar que a rentabilidade está sendo maior do que a de Mato Grosso, onde a cultura está consolidada”, conta o produtor.
Na região do Sudão, a época ideal para o cultivo de soja é o mês de junho, até o dia 20, mas Pinesso só conseguiu plantar depois do dia 10 de agosto. A expectativa do produtor é chegar no próximo ano a uma produtividade média de 40 sacas por hectare, distante do rendimento médio mato-grossense, de 50 sacas, porque na África o cultivo da oleaginosa é incipiente e ainda não foram descobertas variedades adequadas para o solo e clima da região.
“Mas fizemos os cálculos e chegamos à conclusão de que o lucro foi bem maior, pois o custo de produção na África é de apenas 600 quilos de soja por hectare. No Brasil, o custo passa de 2,2 mil quilos, acima de US$ 800 dólares. Isso acaba fazendo a diferença para o produtor e para ele é o que interessa”, salienta Pinesso.
No caso do algodão, cuja colheita está começando agora, a produtividade está sendo considerada boa. O produtor espera alcançar um rendimento médio de 250 arrobas por hectare, sendo 98 arrobas apenas da pluma, que o produto de maior valor.
“Estamos levando o Ima (Instituto Mato-grossense de Algodão) para pesquisar e desenvolver variedades adequadas na região do Sudão. A nossa previsão é de que dentro de cinco anos poderemos alcançar a produtividade brasileira”.
Pinesso destaca também o menor custo para a produção de algodão no continente africano, onde para se produzir um hectare de algodão gasta-se US$ 1,05 mil. No Brasil, este desembolso pode chegar a US$ 1,80 mil. “Estou bastante otimista com a boa perspectiva de rentabilidade diante e um menor custo de produção. Desenvolvendo tecnologias próprias para a África, num futuro próximo os produtores brasileiros terão todas as condições de ter lavouras naquele continente”, frisa.
PROJETOS - O produtor diz estar “tão animado” que acabou refazendo sua projeção de plantio para a próxima temporada. Para 2011 ele planeja cultivar 40 mil hectares, 20 mil hectares de algodão, 10 mil de soja e 10 mil ha de milho. A expectativa inicial de Pinesso era plantar 25 mil hectares de soja e algodão.
“Pegamos o projeto Brasil-Sudanês, que previa o plantio de 20 mil hectares de soja e algodão para 2011. Somado aos cinco mil hectares próprios, também para a próxima safra, chegaríamos a 25 mil hectares. Mas o resultado está sendo tão bom que elevamos esta projeção em 60% para o próximo ciclo”, conta.
Segundo Pinesso, na África “o solo é fértil, não há problemas de pragas e a logística é boa”. A produção sai das lavouras de caminhão, como em Mato Grosso, mas percorre uma distância muito menor (400 quilômetros, ao invés de 2 mil quilômetros como no trecho Sorriso-Santos) até atingir o porto e seguir rumo à China, Índia, Bangladesh e Paquistão, principais mercados compradores do Sudão.
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