Ataques de javalis prejudicam produção rural em diversas partes do país
O animal se espalhou por vários estados. O javali tem o comportamento agressivo e não existia no Brasil até a década de 90. 13/10/2010 - Fonte: Globo Rural
Produtores rurais de várias partes do Brasil vêm tendo prejuízo com os ataques de javalis. O animal veio de fora e se espalhou por vários estados. Saiba como está a situação no Rio Grande do Sul e em Mato Grosso do Sul.
O javali tem um comportamento agressivo e não existia no Brasil até a década de 90. Caçadores da Argentina e do Uruguai começaram a importar o animal, que, rapidamente, se espalhou para a região Sul do Brasil e já causa problemas em outros estados.
Em Rio Brilhante, no Mato Grosso do Sul, o agricultor Luís Otávio Fernandes ainda contabiliza o prejuízo que sofreu na última safra de milho. “Eles entram, comem a espiga de milho, deitam o milho no chão. Nem sempre naquelas plantas que eles deitam, eles comem. Mas você acaba não conseguindo colher a planta”, reclamou.
No Rio Grande do Sul, o município de Herval é um dos mais prejudicados. Na lavoura de cem hectares de milho os rastros dos javalis podem ser vistos em boa parte da plantação.
“Ele nos traz na lavoura em torno de 10% a 15% de prejuízo”, calculou o capataz Liezer Brandão.
O criador de ovinos Sérgio Munhoz perdeu 30 ovelhas em apenas uma noite. “É impressionante o que se vê e o que se ouve falar em relação aos prejuízos nas mais de 900 propriedades do município que tem ovinocultura”, disse.
A caça ao javali como meio de controle de população do animal estava liberada pelo Ibama desde 2001 no Rio Grande do Sul, como mostrou a reportagem do Globo Repórter. Em grupo e com o auxílio de cães, os produtores vasculhavam as matas em busca dos animais. Mas em agosto deste ano, o Ibama revogou a medida e a caça ao javali está proibida no país.
A mudança trouxe preocupação entre os produtores. O javali tem uma boa reprodução. A fêmea pode ter até duas gestações no ano. Em média, nascem cinco filhotes a cada cria. Hoje3, a população estimada de javalis no Rio Grande do Sul é de 54 mil animais.
“Estamos com um trabalho intenso não só em Herval como em outros municípios nos quais os prejuízos são grandes. Já estamos trabalhando no sentido de provocar uma audiência pública, caracterizando muito bem esses prejuízos, para que, logicamente, possamos revogar essa portaria e voltar a caçar”, esclareceu José Milton Medeiros, presidente do Sindicato dos Agricultores de Herval.
Em Brasília, o coordenador de Gestão do Uso de Espécies de Fauna do Ibama, Vítor Hugo Cantarelli, afirmou que a caça foi proibida porque estava sendo insuficiente para controlar o problema.
“Como demandas existem de mais de dez estados onde esse animal já entrou, a proposta é que se tenha uma medida efetiva para todos os estados. Mas para isso temos que chamar todos os agentes que têm obrigação de participar dos trabalhos de controle desse animal e dos seus processos de depredação e de destruição de ambientes”, alertou Cantarelli.
Em Mato Grosso do Sul, foi realizada, em setembro, uma audiência pública na Assembleia Legislativa. Os produtores querem, agora, levar o debate para o Congresso nacional, em Brasília.
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