Olá pessoal, recentemente recebi cópia do link para o gibi do IBAMA sobre caça ilegal para ser usado em escolas.
É interessante porque tráfico de animais, caça legal e ilegal, bem como criação de animais silvestres se concentram em torno basicamente de duas leis (5197/67 e 9605/98) que são cumpridas de forma parcial no Brasil, de acordo a entendimentos ideológicos e não técnicos ou racionais.
O tráfico e a caça ilegal devem ser combatidos por meio de repressão e educação, mas e quando poderemos ter incentivos à caça e à criação legalizada de espécies silvestres como definido pela lei 5197/67 art. 6 ??? As autoridades e funcionários do poder público devem cumprir com as leis, não decidir que parte da lei desejam cumprir...
Neste ponto o gibi presta um des-serviço e falha em não oferecer alternativas como a compra de animais em criatórios legalizados, criatórios estes que ao desenvolver tecnologia de reprodução e alimentação, sendo inclusive bancos genéticos dessas espécies podem ser grandes aliados à conservação. Porque não foi incluido nada sobre a possibilidade de ser um criador legalizado conforme é direito por lei?
Abaixo deixo disponível texto do fundador e coordenador da maior ONG de Combate ao Tráfico de animais silvestres do Brasil...percebam o que ele diz sobre os criatórios de animais silvestres.
Obs.: Sobre o sugerido no penúltimo parágrafo, acredito que só poderia ser cumprido se sabiamente este tema fosse levado ao Ministério da Agricultura, assim como se faz com a caça regulamentada na maioria dos países e como diz o Art. 36 Paragrafo único da Lei 5197/67. Afinal o MAPA que se concentra na produção agropecuária poderia apoiar também a produção de fauna.
Sucesso a todos,
--
Dener Giovanini
A Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) completa, em 2009, 10 anos de atuação no combate a essa atividade criminosa que tantos danos causa a nossa biodiversidade. Nesse período acumulamos experiência e adotamos várias estratégias no sentido de obtermos êxito em nossos objetivos.
As vitórias foram maiores que as derrotas. Conseguimos lançar luz sobre um tema até então pouco falado e conhecido no Brasil. Mobilizamos a opinião pública com o apoio da imprensa e obtivemos grande sucesso diante da necessidade de construirmos uma política pública eficaz para enfrentar esse problema. Foram quase 4 mil agentes públicos treinados em 17 workshops realizados no país, diversas publicações sobre o assunto e incontáveis ações destinadas a contribuir com a formação de uma nova consciência ambiental.
Hoje, percebemos que estamos diante da necessidade de uma nova forma de atuação. Não adianta mais nos repetirmos. O que precisava ser feito, o foi, com ousadia, determinação e seriedade. Hoje o Brasil sabe que o tráfico de animais existe e que o mesmo não é apenas uma maneira alternativa e inocente de um cidadão ganhar um dinheirinho extra. As CPIs das quais tivemos oportunidade de participar e contribuir constataram a abrangência dessa atividade ilícita e, principalmente, o nível altamente profissional das quadrilhas que atuam nesse ramo, muitas vezes associadas ao tráfico de armas e de drogas.
A necessidade de uma nova postura e atuação frente a esse crime ambiental origina-se, principalmente, no fato de precisarmos buscar uma alternativa eficiente que impacte diretamente na diminuição da demanda por parte da sociedade. A legislação ambiental precisa ser aprimorada e a repressão mais aparelhada, mas em essência, só isso não basta. A diminuição da demanda passa necessariamente por duas discussões fundamentais: uma forte iniciativa educativa, no sentido de desestimular a compra, pela sociedade, de animais oriundos do comércio ilegal e, a mais polêmica: definir claramente o papel da criação comercial no combate ao tráfico de animais silvestres.
Parte do movimento ambientalista não admite sequer debater a segunda alternativa. Alegam que o comércio legal é antiético por comercializar a vida, que gera lucros exorbitantes para os criadores e que os preços praticados no mercado legal – altíssimos – não afastam o consumidor do mercado ilegal.
Esses argumentos merecem respeito e, principalmente, reflexão. Porém, é necessária uma visão anticartesiana. Uma reflexão com base em fatos e não apenas em paixões. A começar devemos – sempre importante – lembrar que vivemos numa democracia, onde existem leis que nos garantem o respeito às diferenças. E a lei, nesse caso, garante ao cidadão o direito de possuir um animal silvestre de forma legal, oriundo de um criadouro devidamente credenciado pelo Ibama.
Os tais lucros exorbitantes dos criadouros, que agem dentro da lei, não parecem corresponder à realidade, uma vez que o investimento numa criação comercial é uma atividade bastante onerosa, o que explica, em parte, o alto preço de venda desses animais. E o mercado consumidor, apesar de ser imenso, na prática ainda é tímido. A burocracia brasileira ainda emperra o crescimento do setor.
A Renctas está disposta ao debate público. Mas que seja um debate que se concentre em soluções democráticas para o país, e não apenas em interesses setoriais de ambientalistas ou de criadores. Não se trata de discutir se permite-se ou não a criação comercial – isso a lei já definiu – mas é necessário que o governo estabeleça quais serão as regras a serem seguidas e quais os seus planos para uma fiscalização eficiente do setor, que expurgue desse meio aqueles que só querem uma fachada legal para enriquecer às custas da ilicitude. Hoje, quem se dedica a criação de fauna silvestre no Brasil com o objetivo de realizar um trabalho honesto, correto e dentro da lei, sejam criadouros comerciais, conservacionistas ou científicos, serão os primeiros aliados do governo na implementação de uma ação mais rígida na fiscalização.
É interessante porque tráfico de animais, caça legal e ilegal, bem como criação de animais silvestres se concentram em torno basicamente de duas leis (5197/67 e 9605/98) que são cumpridas de forma parcial no Brasil, de acordo a entendimentos ideológicos e não técnicos ou racionais.
O tráfico e a caça ilegal devem ser combatidos por meio de repressão e educação, mas e quando poderemos ter incentivos à caça e à criação legalizada de espécies silvestres como definido pela lei 5197/67 art. 6 ??? As autoridades e funcionários do poder público devem cumprir com as leis, não decidir que parte da lei desejam cumprir...
Neste ponto o gibi presta um des-serviço e falha em não oferecer alternativas como a compra de animais em criatórios legalizados, criatórios estes que ao desenvolver tecnologia de reprodução e alimentação, sendo inclusive bancos genéticos dessas espécies podem ser grandes aliados à conservação. Porque não foi incluido nada sobre a possibilidade de ser um criador legalizado conforme é direito por lei?
Abaixo deixo disponível texto do fundador e coordenador da maior ONG de Combate ao Tráfico de animais silvestres do Brasil...percebam o que ele diz sobre os criatórios de animais silvestres.
Obs.: Sobre o sugerido no penúltimo parágrafo, acredito que só poderia ser cumprido se sabiamente este tema fosse levado ao Ministério da Agricultura, assim como se faz com a caça regulamentada na maioria dos países e como diz o Art. 36 Paragrafo único da Lei 5197/67. Afinal o MAPA que se concentra na produção agropecuária poderia apoiar também a produção de fauna.
Sucesso a todos,
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Eng. Agr. Rafael Salerno
Coordenador GT Javali
Nova Safra Consultoria e ParticipaçõesCOMÉRCIO DA VIDA SILVESTRE: O ÉTICO E O ILEGALCoordenador GT Javali
Dener Giovanini
Artigo publicado originalmente no Jornal do Brasil / JB Online - em 04/03/2009
Comércio da vida silvestre: o ético e o ilegal
A Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) completa, em 2009, 10 anos de atuação no combate a essa atividade criminosa que tantos danos causa a nossa biodiversidade. Nesse período acumulamos experiência e adotamos várias estratégias no sentido de obtermos êxito em nossos objetivos.
As vitórias foram maiores que as derrotas. Conseguimos lançar luz sobre um tema até então pouco falado e conhecido no Brasil. Mobilizamos a opinião pública com o apoio da imprensa e obtivemos grande sucesso diante da necessidade de construirmos uma política pública eficaz para enfrentar esse problema. Foram quase 4 mil agentes públicos treinados em 17 workshops realizados no país, diversas publicações sobre o assunto e incontáveis ações destinadas a contribuir com a formação de uma nova consciência ambiental.
Hoje, percebemos que estamos diante da necessidade de uma nova forma de atuação. Não adianta mais nos repetirmos. O que precisava ser feito, o foi, com ousadia, determinação e seriedade. Hoje o Brasil sabe que o tráfico de animais existe e que o mesmo não é apenas uma maneira alternativa e inocente de um cidadão ganhar um dinheirinho extra. As CPIs das quais tivemos oportunidade de participar e contribuir constataram a abrangência dessa atividade ilícita e, principalmente, o nível altamente profissional das quadrilhas que atuam nesse ramo, muitas vezes associadas ao tráfico de armas e de drogas.
A necessidade de uma nova postura e atuação frente a esse crime ambiental origina-se, principalmente, no fato de precisarmos buscar uma alternativa eficiente que impacte diretamente na diminuição da demanda por parte da sociedade. A legislação ambiental precisa ser aprimorada e a repressão mais aparelhada, mas em essência, só isso não basta. A diminuição da demanda passa necessariamente por duas discussões fundamentais: uma forte iniciativa educativa, no sentido de desestimular a compra, pela sociedade, de animais oriundos do comércio ilegal e, a mais polêmica: definir claramente o papel da criação comercial no combate ao tráfico de animais silvestres.
Parte do movimento ambientalista não admite sequer debater a segunda alternativa. Alegam que o comércio legal é antiético por comercializar a vida, que gera lucros exorbitantes para os criadores e que os preços praticados no mercado legal – altíssimos – não afastam o consumidor do mercado ilegal.
Esses argumentos merecem respeito e, principalmente, reflexão. Porém, é necessária uma visão anticartesiana. Uma reflexão com base em fatos e não apenas em paixões. A começar devemos – sempre importante – lembrar que vivemos numa democracia, onde existem leis que nos garantem o respeito às diferenças. E a lei, nesse caso, garante ao cidadão o direito de possuir um animal silvestre de forma legal, oriundo de um criadouro devidamente credenciado pelo Ibama.
Os tais lucros exorbitantes dos criadouros, que agem dentro da lei, não parecem corresponder à realidade, uma vez que o investimento numa criação comercial é uma atividade bastante onerosa, o que explica, em parte, o alto preço de venda desses animais. E o mercado consumidor, apesar de ser imenso, na prática ainda é tímido. A burocracia brasileira ainda emperra o crescimento do setor.
Quanto ao "comércio de vidas" é um argumento baseado em convicções pessoais, para o qual não existe a possibilidade de debate. E em conflitos que envolvem moral e ética invoca-se o respeito à diferença, ou seja, a aplicação da lei. Se a lei existe, certa ou errada, deve ser cumprida e, neste caso especifico, a nossa legislação, como já dito, permite o comércio da fauna silvestre. Assim como permite o comércio de outros tipos de vida, como a madeira, o frango, o boi e o escargot. Cabe a cada um apenas aplicar a sua consciência pessoal no momento de optar pela aquisição ou não de um animal silvestre oriundo de criadouro. Aos que discordam, cabe apelar ao parlamento para que a lei seja mudada.
O Brasil não irá avançar no combate ao tráfico de animais silvestres – e num plano geral, na conservação da biodiversidade – enquanto não adotar uma posição clara e objetiva sobre a criação comercial. É necessário que se tenha coragem política para assumir uma postura definitiva, mesmo que seja uma decisão que desagrade os gregos ou os troianos. A falta de transparência só favorece àqueles que se alimentam da obscuridade.
A Renctas está disposta ao debate público. Mas que seja um debate que se concentre em soluções democráticas para o país, e não apenas em interesses setoriais de ambientalistas ou de criadores. Não se trata de discutir se permite-se ou não a criação comercial – isso a lei já definiu – mas é necessário que o governo estabeleça quais serão as regras a serem seguidas e quais os seus planos para uma fiscalização eficiente do setor, que expurgue desse meio aqueles que só querem uma fachada legal para enriquecer às custas da ilicitude. Hoje, quem se dedica a criação de fauna silvestre no Brasil com o objetivo de realizar um trabalho honesto, correto e dentro da lei, sejam criadouros comerciais, conservacionistas ou científicos, serão os primeiros aliados do governo na implementação de uma ação mais rígida na fiscalização.
E, se de fato, o governo federal quer alçar a criação comercial da fauna silvestre numa alternativa ao comércio ilegal, deverá obrigatoriamente implementar, através do BNDES, uma linha de crédito para financiar o setor e criar as condições necessárias para que os preços praticados no mercado sejam mais acessíveis ao consumidor.
Esse é o desafio para os próximos 10 anos da Renctas: ajudar a construir um país de verdade, onde o faz-de-conta perca espaço para ações corajosas e inovadoras na busca de soluções que a mantenham sempre no caminho da sua missão contribuir para a conservação da nossa rica biodiversidade.
Dener Giovanini é fundador e atual Coordenador Geral da Renctas.
www.renctas.org.br
Dener Giovanini é fundador e atual Coordenador Geral da Renctas.
www.renctas.org.br
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Eng. Agr. Rafael Salerno
Coordenador GT Javali
Nova Safra Consultoria e Participações
www.plantadiretobrasil.blogspot.com
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