A integração lavoura-pecuária (iLP), baseada na implantação de diferentes sistemas produtivos na mesma área, diminui os riscos econômicos do negócio, além de melhorar a qualidade do solo, quebrar ciclos de pragas e doenças, beneficiando as duas atividades. Com a adoção dessa tecnologia, o incremento na produção de forragem induz a um aumento na taxa de lotação animal para que haja melhor aproveitamento do pasto recém-formado bem como da palhada da cultura de grãos. Assim, dependendo da taxa de lotação utilizada, do manejo e da intensidade do pastejo, pode ocorrer degradação da qualidade física do solo.
Mesmo sistemas de cultivos convencionais, com agricultura contínua e monocultivo por diversos anos, ocasionam efeitos negativos sobre as propriedades do solo. Porém, esse efeito negativo poderá ser revertido com a inclusão de espécies forrageiras, desde que corretamente manejadas. O sistema radicular das gramíneas, principalmente das braquiárias, exerce função de descompactar o solo e melhorar a agregação, tanto nas camadas superficiais quanto nas subsuperficiais. As gramíneas utilizadas como forrageiras são ainda mais eficientes na reciclagem de nutrientes em comparação às espécies produtoras de grãos e podem aumentar a eficiência de uso dos fertilizantes aplicados na lavoura.
Em sistemas integrados de produção, como a iLP, em que o uso do solo é mais intensivo, a busca pela melhor combinação entre o manejo do solo e a exploração pecuária devem ser constantes, de forma que a produção animal não prejudique a produção de grãos e vice-versa. As alterações das propriedades físicas do solo são variáveis de acordo com manejo da pastagem, taxa de lotação, teor de argila e, principalmente, pela umidade do solo no momento do pastejo, além da oferta de forragem e das características da forrageira como, por exemplo, o seu hábito de crescimento. Dependendo da categoria, os animais exercem pressões no solo que podem exceder àquelas aplicadas por máquinas agrícolas. Além desses aspectos, a degradação do solo pode ser agravada pela irrigação excessiva, e ainda pela distribuição incorreta de cochos e bebedouros no piquete.
Avaliações sobre o impacto do pisoteio animal no solo em fazendas que utilizam integração lavoura-pecuária em áreas sob plantio direto indicam que os efeitos negativos do pisoteio (aumento da densidade do solo e da resistência à penetração e diminuição do volume total de poros e condutividade hidráulica, principalmente) são recuperados após o cultivo da lavoura de grãos ou ainda do período de descanso necessário para o restabelecimento do pasto depois do período de pastejo. Mesmo assim, é notável o receio, principalmente do agricultor, em adotar a tecnologia iLP.
Portanto, eventuais danos ao solo e consequentemente ao pasto causados pelo incremento da taxa de lotação animal, ou seja, o aumento da produtividade animal por área, serão revertidos em curto período de tempo (durante um cultivo de grãos ou após o período de descanso da pastagem) desde que sejam seguidos os critérios estabelecidos para um adequado manejo do solo e da pastagem. É importante respeitar as características específicas de cada espécie forrageira, entre elas a duração do ciclo de pastejo e principalmente a manutenção de uma adequada cobertura de solo que influenciará tanto na oferta de forragem no próximo ciclo de pastejo quanto na palhada residual que será utilizada como cobertura para o sistema de plantio direto na palha.
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