Thursday, March 31, 2011

ILP e qualidade do solo

A integração lavoura-pecuária (iLP), baseada na implantação de diferentes sistemas produtivos na mesma área, diminui os riscos econômicos do negócio, além de melhorar a qualidade do solo, quebrar ciclos de pragas e doenças, beneficiando as duas atividades. Com a adoção dessa tecnologia, o incremento na produção de forragem induz a um aumento na taxa de lotação animal para que haja melhor aproveitamento do pasto recém-formado bem como da palhada da cultura de grãos. Assim, dependendo da taxa de lotação utilizada, do manejo e da intensidade do pastejo, pode ocorrer degradação da qualidade física do solo.

Mesmo sistemas de cultivos convencionais, com agricultura contínua e monocultivo por diversos anos, ocasionam efeitos negativos sobre as propriedades do solo. Porém, esse efeito negativo poderá ser revertido com a inclusão de espécies forrageiras, desde que corretamente manejadas. O sistema radicular das gramíneas, principalmente das braquiárias, exerce função de descompactar o solo e melhorar a agregação, tanto nas camadas superficiais quanto nas subsuperficiais. As gramíneas utilizadas como forrageiras são ainda mais eficientes na reciclagem de nutrientes em comparação às espécies produtoras de grãos e podem aumentar a eficiência de uso dos fertilizantes aplicados na lavoura.

Em sistemas integrados de produção, como a iLP, em que o uso do solo é mais intensivo, a busca pela melhor combinação entre o manejo do solo e a exploração pecuária devem ser constantes, de forma que a produção animal não prejudique a produção de grãos e vice-versa. As alterações das propriedades físicas do solo são variáveis de acordo com manejo da pastagem, taxa de lotação, teor de argila e, principalmente, pela umidade do solo no momento do pastejo, além da oferta de forragem e das características da forrageira como, por exemplo, o seu hábito de crescimento. Dependendo da categoria, os animais exercem pressões no solo que podem exceder àquelas aplicadas por máquinas agrícolas. Além desses aspectos, a degradação do solo pode ser agravada pela irrigação excessiva, e ainda pela distribuição incorreta de cochos e bebedouros no piquete.

Avaliações sobre o impacto do pisoteio animal no solo em fazendas que utilizam integração lavoura-pecuária em áreas sob plantio direto indicam que os efeitos negativos do pisoteio (aumento da densidade do solo e da resistência à penetração e diminuição do volume total de poros e condutividade hidráulica, principalmente) são recuperados após o cultivo da lavoura de grãos ou ainda do período de descanso necessário para o restabelecimento do pasto depois do período de pastejo. Mesmo assim, é notável o receio, principalmente do agricultor, em adotar a tecnologia iLP.

Portanto, eventuais danos ao solo e consequentemente ao pasto causados pelo incremento da taxa de lotação animal, ou seja, o aumento da produtividade animal por área, serão revertidos em curto período de tempo (durante um cultivo de grãos ou após o período de descanso da pastagem) desde que sejam seguidos os critérios estabelecidos para um adequado manejo do solo e da pastagem. É importante respeitar as características específicas de cada espécie forrageira, entre elas a duração do ciclo de pastejo e principalmente a manutenção de uma adequada cobertura de solo que influenciará tanto na oferta de forragem no próximo ciclo de pastejo quanto na palhada residual que será utilizada como cobertura para o sistema de plantio direto na palha.

O ARREFECIMENTO DO MST

O ARREFECIMENTO DO MST
31 de março de 2011 | 0h 00
- O Estado de S.Paulo

Criado para lutar pela reforma agrária em nome da sobrevivência da população marginalizada do campo, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) - que depois se transformou em uma organização clandestina voltada para a subversão da ordem democrática e a destruição do capitalismo - está preocupado hoje em sobreviver ele próprio. Seu maior desafio é o rápido esvaziamento de seus acampamentos em todo o País. Sem abandonar a tentativa de mobilização dos sem-terra e o uso dos acampamentos como instrumento de pressão para obrigar o governo a fazer novos assentamentos - um novo "abril vermelho" já foi anunciado -, a direção do movimento pretende mudar o foco prioritário de sua atuação, como deixou claro, em depoimento ao Estado (27/3), um dos membros da coordenação nacional, Gilmar Mauro: "A reforma agrária precisa de fato ser ressignificada (sic), com um debate político amplo que envolva toda a sociedade. Se continuarmos com essa lógica de exportação de commodities, com o uso intensivo de agrotóxicos, em menos de 50 anos teremos contaminado todos nossos rios, lagos, terra. É o que desejamos? Queremos consumir alimentos contaminados? Se a sociedade responder sim, então não há espaço para reforma. Se disser não, precisamos rever o modelo agrícola atual". O discurso é bonito. Mas quer dizer apenas o seguinte: já que entidades como o MST têm no confronto a razão de sua existência, e ninguém mais está preocupado com a falsa disputa entre a agricultura familiar e o agronegócio, o movimento decidiu se transformar em entidade ambientalista, com novo alvo específico bem definido: os agrotóxicos.

Há muito tempo o MST vem perdendo expressão, como mostram os números relativos à sua atuação. Em 2003, primeiro ano do governo Lula, o movimento era responsável por 285 acampamentos de sem-terra em todo o País, de acordo com a Comissão Pastoral da Terra. Em 2009 esse número havia sido reduzido para 36. E, no ano passado, continuou diminuindo. Segundo o Incra, as 400 mil pessoas acampadas em 2003 se tornaram menos de 100 mil em 2010.

As razões desse esvaziamento são óbvias. Talvez a mais importante seja o significativo aumento da quantidade de empregos, formais e informais, ocorrido nos últimos anos, especialmente na construção civil. Além disso, há o efeito que o Bolsa-Família provoca sobre a disposição para a luta de quem nada tem e por isso se conforma com o pouco que lhe oferece o assistencialismo paternalista.

Assim, o mesmo governo que estimulou as ações do MST - o presidente Lula não só recebia suas lideranças, como se deixava fotografar com o boné da entidade - e não coibiu os seus métodos violentos, ao proporcionar o crescimento da economia, foi também responsável pela desmobilização dos sem-terra. Além disso, o governo petista praticamente abandonou a reforma agrária, como relata o secretário da coordenação nacional da Comissão Pastoral da Terra, Antonio Canuto (Estado, 27/03): "No início do mandato de Lula as pessoas acreditavam que ele faria a reforma e por isso foram para os acampamentos. Com o tempo percebeu-se que o empenho do governo não era tão forte como se havia prometido. Agora a situação é pior: a reforma não está no horizonte do novo governo".

Está claro, portanto, que o sentido e a importância da reforma agrária "ideológica" mudaram significativamente, até na cabeça de governantes que passaram a maior parte da vida com ela comprometidos. O que parece não mudar nunca é o discurso da liderança do MST, para quem tudo continua girando em torno da dicotomia socialismo/capitalismo. Presos a uma visão do capitalismo do século 19, não passa pela cabeça dos dirigentes do MST que uma sociedade democrática, livre e consciente, seja capaz de criar mecanismos e controles eficientes de produção e distribuição da riqueza. Preferem vender a ilusão de um socialismo que promete distribuir uma riqueza que não é capaz de criar, como está historicamente comprovado. Por mais que tente repaginar o discurso, o MST permanece inapelavelmente enredado no mais absoluto anacronismo.






Fraternidade e Natureza


Fraternidade e natureza

DENIS LERRER ROSENFIELD O Estado de S.Paulo - 28/03/11

Com grande alarde, a CNBB lançou um documento intitulado Fraternidade e a Vida no Planeta como orientação da Campanha da Fraternidade de 2011. Tratando-se de um documento teológico-político, sua preocupação central consiste em influir no atual debate sobre as relações entre civilização moderna e meio ambiente. Mais especificamente, seu objetivo reside em participar diretamente da discussão atual sobre a revisão do Código Florestal. Não estamos diante de uma preocupação religiosa politicamente neutra, mas que obedece a diretrizes contempladas nas pastorais da Igreja, nos ditos movimentos sociais e na doutrina da Teologia da Libertação.

Em manifestações, aliás, muito sensatas, de alguns altos dignitários da Igreja, aparece uma preocupação muito genuína com a preservação ambiental, sem ranços ideológicos. Cuidados relativos à coleta seletiva de lixo, contra os desperdícios de água, a poluição de rios e do ar e o uso abusivo de agrotóxicos, por exemplo, entram nessa linha de conduta.

Essa é, no entanto, a apresentação pública, em muito distinta do que consta no documento, eivado de ranços contra o capitalismo, a propriedade privada, o lucro e o agronegócio. Convém, preliminarmente, ressaltar que foi graças ao capitalismo e ao agronegócio que a sociedade atual veio a produzir abundantemente alimentos em escala planetária e a baixo custo. Nunca tantos comeram e jamais foram tão boas as condições de vida.

Os países que aboliram a propriedade privada e "produziram" sem o lucro foram os que sucumbiram à miséria. A URSS abandonou à morte milhões de seus cidadãos por falta de comida e pela desorganização completa da agricultura. A China de Mao seguiu o mesmo caminho, com camponeses morrendo de fome nas estradas. Os admiradores atuais de Cuba, muitos dos quais compartilham os pressupostos da Teologia da Libertação, nada têm a dizer de um partido que nem consegue produzir alimentos para a sua população. Outro representante do "socialismo", Hugo Chávez, está conduzindo seu país à bancarrota, também com a desorganização completa da agricultura e da pecuária.

Se tivéssemos de caracterizar a ideologia do documento o qualificaríamos como uma mistura de ludismo e marxismo. Ludismo porque corresponde a uma corrente política e ideológica inglesa do século 19 que recusava toda e qualquer modernização do processo produtivo, no caso, industrial, pela destruição de máquinas, cuja inovação não era aceita. Marxismo porque adota as categorias dessa corrente ideológica, propugnando uma via anticapitalista, que não estaria mais orientada pelas relações de mercado alicerçadas no lucro e nos contratos. Desta última resgata também a ideia socialista, que ganha uma nova denominação, a de uma sociedade "solidária", não consumista, não capitalista, apoiada na "vida", e não na ganância. Mudou de denominação por conveniências retóricas.
Assim, a CNBB postula que os alimentos produzidos para o mercado, sob a forma de "commodities", sejam caracterizados como produtos de um mercado voltado para o "lucro", que não visa à "disponibilização de alimentos para todas as pessoas". Prossegue em suas diatribes criticando um mercado "dominado por poucas empresas que monopolizam o mercado internacional, impondo preços segundo suas conveniências".

Mas é obrigada a reconhecer que esse processo, baseado em "distorções", "se reflete nos preços relativamente baixos dos alimentos". Ou seja, na verdade, é o mercado que produz alimentos abundantes e a baixos preços, o que contradiz sua tese de que a escassez seria a resultante desse processo.
O documento retoma a tese do MST e da Comissão Pastoral da Terra de que o agronegócio termina prejudicando e excluindo a agricultura familiar. Ao contrário, porém, o fato é que o excedente da agricultura familiar é vendido no mercado e em alguns setores, como fumo, aves e suínos, há toda uma rede de relações entre o agronegócio e a agricultura familiar, denominada "sistema integrado de produção". Na verdade, a CNBB adota a postura dos assentamentos da reforma agrária, identificando-os com a agricultura familiar, o que é um equívoco, pois eles não possuem títulos de propriedade, não se voltam para o mercado e estão apoiados na economia de subsistência, a qual, aliás, nem conseguem atingir. Vivem de subsídios governamentais como o Bolsa-Família, o que significa dizer: à custa do contribuinte.
Todo o setor da agropecuária e do agronegócio em geral é tido como praticante de "crimes ambientais", como se esse fosse o seu costume.

Evidentemente, a prática agrícola, como ocorre em qualquer lugar do mundo, transforma a natureza, tendo em vista a produção de alimentos.

Se assim não fosse, a humanidade morreria de fome. Há uma clara confusão entre desmatar por desmatar, sem nenhuma preocupação agropecuária, e a atividade propriamente agrícola, que também conserva a natureza. Agricultura e natureza marcham de mãos dadas. Se não for assim, ambas acabam perdendo. O agricultor ou a empresa que não conserva a natureza dá um tiro no próprio pé.
A CNBB apoia-se numa concepção religiosa segundo a qual tudo o que existe na natureza é resultado da criação divina, que, enquanto tal, deve ser preservada. Trata-se de "cultivar" a "criação". O ambientalismo estaria, nesse sentido, fundado numa cosmovisão religiosa. Eis por que é defendida a ideia de que os comportamentos que contrariam essa cosmovisão devem ser "corrigidos", por serem "pecaminosos", por atentarem precisamente contra a "criação divina".

Ou seja, a Igreja assume a política dos que sabem o que é o "correto" comportamento humano, devendo adotar medidas que o implementem. A correção do comportamento humano seria empreendida pela "tirania dos bons", dos "virtuosos". Isso significa que todo aquele que advoga pela atualização do Código Florestal seria pecador.


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Eng. Agr. Rafael Salerno
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Monday, March 28, 2011

Eclusas de Tucuruí - Nova promessa de desenvolvimento para o Centro Oeste

O MST a beira da morte...

Se precisarem de um empurrãozinho eu ajudo...rs


MST vive crise e vê cair número de acampados

No primeiro ano do governo Lula, existiam 285 acampamentos de sem-terra no País, de acordo com levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Em 2009 a quantidade despencou para 36

28/03/2011 | 12:24 | Agência Estado

Às vésperas do início de sua jornada nacional de lutas, o chamado “abril vermelho”, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a maior organização do País dedicada à defesa da reforma agrária, enfrenta um dos desafios mais dramáticos de sua história: a contenção do rápido esvaziamento de seus acampamentos.

No primeiro ano do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, existiam 285 acampamentos de sem-terra no País, de acordo com levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Em 2009 a quantidade despencou para 36. Em 2010 o número foi ainda menor, segundo dados preliminares do novo relatório da CPT que será divulgado nos próximos dias; e em 2011 as dificuldades de mobilização só aumentam. Dias atrás, o militante Luciano de Lima um dos coordenadores do movimento no interior de São Paulo, teve dificuldade para reunir 27 pessoas na invasão de uma área da Ferroban, em Paraguaçu Paulista.

O total de pessoas acampadas no País passou de 400 mil para menos de 100 mil entre 2003 e 2010, segundo estimativas da direção nacional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Para o secretário da coordenação nacional da CPT, Antonio Canuto, o esvaziamento é acentuado.

Líderes do MST admitem o problema. A causa principal, na opinião deles, seria o crescimento do número de postos de trabalho no País, especialmente na construção civil. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Gilmar Mauro, que faz parte da coordenação nacional e é reconhecido como um dos principais ideólogos do movimento, observa que a construção civil absorve grande volume de trabalhadores egressos do campo, com pouca especialização profissional, que eram os primeiros a se mobilizar pela reforma, desejosos de retornar ao local de origem.

Para Antonio Canuto é preciso considerar também a falta de empenho do governo na execução da reforma. “Ninguém se dispõe a passar anos debaixo da lona de um acampamento se não houver uma perspectiva mínima de atendimento de suas reivindicações”, diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Comentário: Gibi do IBAMA é arbitrário e nega um direito do cidadão brasileiro

Olá pessoal, recentemente recebi cópia do link para o gibi do IBAMA sobre caça ilegal para ser usado em escolas.

É interessante porque tráfico de animais, caça legal e ilegal, bem como criação de animais silvestres se concentram em torno basicamente de duas leis (5197/67 e 9605/98) que são cumpridas de forma parcial no Brasil, de acordo a entendimentos ideológicos e não técnicos ou racionais.

O tráfico e a caça ilegal devem ser combatidos por meio de repressão e educação, mas e quando poderemos ter incentivos à caça e à criação legalizada de espécies silvestres como definido pela lei 5197/67 art. 6 ??? As autoridades e funcionários do poder público devem cumprir com as leis, não decidir que parte da lei desejam cumprir...

Neste ponto o gibi presta um des-serviço e falha em não oferecer alternativas como a compra de animais em criatórios legalizados, criatórios estes que ao desenvolver tecnologia de reprodução e alimentação, sendo inclusive bancos genéticos dessas espécies podem ser grandes aliados à conservação. Porque não foi incluido nada sobre a possibilidade de ser um criador legalizado conforme é direito por lei?

Abaixo deixo disponível texto do fundador e coordenador da maior ONG de Combate ao Tráfico de animais silvestres do Brasil...percebam o que ele diz sobre os criatórios de animais silvestres.

Obs.: Sobre o sugerido no penúltimo parágrafo, acredito que só poderia ser cumprido se sabiamente este tema fosse levado ao Ministério da Agricultura, assim como se faz com a caça regulamentada na maioria dos países e como diz o Art. 36 Paragrafo único da Lei 5197/67. Afinal o MAPA que se concentra na produção agropecuária poderia apoiar também a produção de fauna.

Sucesso a todos,

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COMÉRCIO DA VIDA SILVESTRE: O ÉTICO E O ILEGAL
Dener Giovanini

Artigo publicado originalmente no Jornal do Brasil / JB Online - em 04/03/2009

Comércio da vida silvestre: o ético e o ilegal


A Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) completa, em 2009, 10 anos de atuação no combate a essa atividade criminosa que tantos danos causa a nossa biodiversidade. Nesse período acumulamos experiência e adotamos várias estratégias no sentido de obtermos êxito em nossos objetivos.


As vitórias foram maiores que as derrotas. Conseguimos lançar luz sobre um tema até então pouco falado e conhecido no Brasil. Mobilizamos a opinião pública com o apoio da imprensa e obtivemos grande sucesso diante da necessidade de construirmos uma política pública eficaz para enfrentar esse problema. Foram quase 4 mil agentes públicos treinados em 17 workshops realizados no país, diversas publicações sobre o assunto e incontáveis ações destinadas a contribuir com a formação de uma nova consciência ambiental.


Hoje, percebemos que estamos diante da necessidade de uma nova forma de atuação. Não adianta mais nos repetirmos. O que precisava ser feito, o foi, com ousadia, determinação e seriedade. Hoje o Brasil sabe que o tráfico de animais existe e que o mesmo não é apenas uma maneira alternativa e inocente de um cidadão ganhar um dinheirinho extra. As CPIs das quais tivemos oportunidade de participar e contribuir constataram a abrangência dessa atividade ilícita e, principalmente, o nível altamente profissional das quadrilhas que atuam nesse ramo, muitas vezes associadas ao tráfico de armas e de drogas.


A necessidade de uma nova postura e atuação frente a esse crime ambiental origina-se, principalmente, no fato de precisarmos buscar uma alternativa eficiente que impacte diretamente na diminuição da demanda por parte da sociedade. A legislação ambiental precisa ser aprimorada e a repressão mais aparelhada, mas em essência, só isso não basta. A diminuição da demanda passa necessariamente por duas discussões fundamentais: uma forte iniciativa educativa, no sentido de desestimular a compra, pela sociedade, de animais oriundos do comércio ilegal e, a mais polêmica: definir claramente o papel da criação comercial no combate ao tráfico de animais silvestres.


Parte do movimento ambientalista não admite sequer debater a segunda alternativa. Alegam que o comércio legal é antiético por comercializar a vida, que gera lucros exorbitantes para os criadores e que os preços praticados no mercado legal – altíssimos – não afastam o consumidor do mercado ilegal.

Esses argumentos merecem respeito e, principalmente, reflexão. Porém, é necessária uma visão anticartesiana. Uma reflexão com base em fatos e não apenas em paixões. A começar devemos – sempre importante – lembrar que vivemos numa democracia, onde existem leis que nos garantem o respeito às diferenças. E a lei, nesse caso, garante ao cidadão o direito de possuir um animal silvestre de forma legal, oriundo de um criadouro devidamente credenciado pelo Ibama.

Os tais lucros exorbitantes dos criadouros, que agem dentro da lei, não parecem corresponder à realidade, uma vez que o investimento numa criação comercial é uma atividade bastante onerosa, o que explica, em parte, o alto preço de venda desses animais. E o mercado consumidor, apesar de ser imenso, na prática ainda é tímido. A burocracia brasileira ainda emperra o crescimento do setor.

Quanto ao "comércio de vidas" é um argumento baseado em convicções pessoais, para o qual não existe a possibilidade de debate. E em conflitos que envolvem moral e ética invoca-se o respeito à diferença, ou seja, a aplicação da lei. Se a lei existe, certa ou errada, deve ser cumprida e, neste caso especifico, a nossa legislação, como já dito, permite o comércio da fauna silvestre. Assim como permite o comércio de outros tipos de vida, como a madeira, o frango, o boi e o escargot. Cabe a cada um apenas aplicar a sua consciência pessoal no momento de optar pela aquisição ou não de um animal silvestre oriundo de criadouro. Aos que discordam, cabe apelar ao parlamento para que a lei seja mudada.

O Brasil não irá avançar no combate ao tráfico de animais silvestres – e num plano geral, na conservação da biodiversidade – enquanto não adotar uma posição clara e objetiva sobre a criação comercial. É necessário que se tenha coragem política para assumir uma postura definitiva, mesmo que seja uma decisão que desagrade os gregos ou os troianos. A falta de transparência só favorece àqueles que se alimentam da obscuridade.

A Renctas está disposta ao debate público. Mas que seja um debate que se concentre em soluções democráticas para o país, e não apenas em interesses setoriais de ambientalistas ou de criadores. Não se trata de discutir se permite-se ou não a criação comercial – isso a lei já definiu – mas é necessário que o governo estabeleça quais serão as regras a serem seguidas e quais os seus planos para uma fiscalização eficiente do setor, que expurgue desse meio aqueles que só querem uma fachada legal para enriquecer às custas da ilicitude. Hoje, quem se dedica a criação de fauna silvestre no Brasil com o objetivo de realizar um trabalho honesto, correto e dentro da lei, sejam criadouros comerciais, conservacionistas ou científicos, serão os primeiros aliados do governo na implementação de uma ação mais rígida na fiscalização.

E, se de fato, o governo federal quer alçar a criação comercial da fauna silvestre numa alternativa ao comércio ilegal, deverá obrigatoriamente implementar, através do BNDES, uma linha de crédito para financiar o setor e criar as condições necessárias para que os preços praticados no mercado sejam mais acessíveis ao consumidor.

Esse é o desafio para os próximos 10 anos da Renctas: ajudar a construir um país de verdade, onde o faz-de-conta perca espaço para ações corajosas e inovadoras na busca de soluções que a mantenham sempre no caminho da sua missão contribuir para a conservação da nossa rica biodiversidade.

Dener Giovanini é fundador e atual Coordenador Geral da Renctas.
www.renctas.org.br




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Friday, March 25, 2011

"AGRONEGÓCIO"

"AGRONEGÓCIO"

Imagine-se um hipotético indivíduo que doravante chamaremos de Sr. Oliveira.

O Sr. Oliveira é um homem comum. É um pai de família.

Habita uma região metropolitana que poderia ser São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte ou Recife ou alguma outra grande cidade.

Tem um emprego em uma instituição financeira, ou em uma revendedora de peças por exemplo.

Pertence àquela classe média ligeira que, além de trabalhar 4 meses por ano de graça para o governo, esforça-se para pagar as contas de aluguel, escola, natação e inglês dos filhos, plano de saúde, o guarda da rua e outros pormenores no fim do mês.

O Sr. Oliveira levanta-se de manhã e veste-se com roupas de algodão, algodão esse crescido nos campos de Chapadão do Sul, MS, Campo Novo do Parecis, MT e processado em Blumenau, SC.
Talvez esteja um pouco frio e ele use um pulôver de lã de carneiros criados em Pelotas, RS e fabricado em Americana, SP. Calça seus sapatos de couro vindo de bois do Mato Grosso, e fabricados em Novo Hamburgo, RS.

Ele toma café da manhã, com ovos vindos de Bastos, SP, leite de uma cooperativa do Rio de Janeiro, broa de milho colhido em Londrina, PR, um mamão vindo do Espírito Santo, suco de laranja de Araraquara, SP e um cafezinho vindo direto de São Lourenço, MG.

Ele lê um jornal, impresso em papel feito de eucalipto crescido em Três Lagoas, MS. O Sr. Oliveira entra em seu carro, abastecido com álcool de cana de açúcar produzida em Piracicaba, SP, com pneus de borracha saída dos seringais de São José do Rio Preto, SP.

Enquanto ele vai ao trabalho, a Sra. Oliveira vai às compras nos supermercados do bairro, sempre pesquisando os melhores preços das frutas, das verduras e da carne para não apertar o orçamento familiar.

No almoço, o Sr. Oliveira come um filé de frango criado no Paraná, alimentado com soja e milho de Goiás e de Mato Grosso, com molho de tomate de Goiás. Tem arroz do Rio Grande do Sul e feijão dos pivôs do oeste baiano. Tem salada das hortas de Mogi das Cruzes, SP, suco de uvas do Vale do São Francisco e de sobremesa goiabada feita com goiabas de Valinhos, SP e açúcar de Ribeirão Preto, SP, e queijo de Uberlândia, MG. Para encerrar a refeição, outro cafezinho dessa vez da Bahia.

Hoje a noite é de comemoração. Sua empresa fez um corte de pessoal, mas felizmente o Sr. Oliveira manteve o emprego. Ele leva a esposa jantar fora. Vinho do Vale dos Vinhedos gaúcho. Presuntos e frios de porco criado em Santa Catarina, alimentado com soja paranaense, filet mignon de bois criados no Sul do Pará. Chocolate produzido com cacau do sul da Bahia. E outro café de Minas, adoçado com açúcar pernambucano.

O Sr. Oliveira é um homem razoavelmente informado e inteligente. No dia seguinte ele lerá os jornais novamente. Pelos jornais ele ficará sabendo que há conflitos em terras indígenas recentemente demarcadas e fazendeiros cujas famílias foram incentivadas a ocupar aquelas terras há décadas atrás.

Pelos jornais ele ficará sabendo que a pecuária é a maior poluidora do país (embora ele mesmo tenha o sonho de um dia abandonar a cidade poluída e viver no campo por uma qualidade de vida melhor).

Pelos jornais ele tem notícias de invasões de terras, de conflitos agrários, de saques e estradas bloqueadas (o Sr. Oliveira é a favor da reforma agrária, embora repudie a violência). Pelos jornais ele toma conhecimento de ações do Ministério Público contra empresas do agronegócio (ele não entende que mal há em empresas que ganham dinheiro). Pelos jornais ele acha que a Amazônia está sendo desmatada por plantadores de soja e criadores de boi. Mas o Sr. Oliveira pensa que isso não tem nada a ver com ele.

Pois eu gostaria de agarrá-lo pela orelha, e gritar bem alto, de megafone talvez, não um, nem dez, mas mil megafones que TUDO ISSO É PROBLEMA DELE SIM!

- Gostaria de lhe dizer que a agropecuária está presente em todos os dias da vida dele.

- Gostaria de lhe dizer que o Agronegócio gera um terço do PIB e dos empregos do país.

- Gostaria de lhe dizer que quem diz que a pecuária polui, mente descaradamente.

- Gostaria de lhe dizer que o maior desmatador da Amazônia é o INCRA.

- Gostaria de lhe dizer que o dinheiro dos impostos dele "sustenta assentamentos que não produzem absolutamente nada", condenando uma multidão de miseráveis manipulados por canalhas balizados por uma ideologia assassina à eterna assistência do Estado.

- Gostaria de lhe dizer que estes mesmos canalhas estão tentando, sob a palatável desculpa dos direitos humanos, acabar com o direito de propriedade, arruinando qualquer futuro para o agronegócio brasileiro.

- Gostaria de lhe dizer, que os mesmos canalhas querem fechar índios, que há 5 séculos estão em contato com brancos, em gigantescos zoológicos onde eles estarão condenados à miséria e ao suicídio.

- Gostaria de lhe dizer que índios são 0,5% da população brasileira e não obstante são donos de 13% do país.

-Gostaria de lhe dizer que querem transformar 2/3 do país em reservas e parque que estão sendo demarcados sobre importantes reservas minerais e aqüíferos subterrâneos essenciais para o futuro do país.

- Gostaria de lhe dizer que a agricultura ocupa apenas 7,5% da superfície do país, e que mesmo assim somos os maiores exportadores do mundo de carne, soja, café, açúcar, suco de laranja e inúmeros outros produtos.

- Gostaria de lhe dizer que podemos dobrar ou triplicar a produção pecuária do país sem derrubar uma árvore sequer.

- Gostaria de lhe dizer que produtores rurais não são a espécie arrogante e retrógrada que os canalhas dizem que são. São gente que está vivendo em lugares onde você não se animaria a viver, transitando por estradas intransitáveis e mortais, acordando nas madrugadas para ver nascer um animal, rezando para chover na hora de plantar e para parar de chover na hora de colher, com um contato e um conhecimento da natureza muito maior do que o seu. São gente cujos antepassados foram enviados às fronteiras desse país para garantir que esse território fosse nosso, foi gente incentivada a abrir a mata, abrir estradas, plantar e colher, às vezes por causa do governo, às vezes apesar dele.

- Gostaria enfim de gritar a plenos pulmões, que qualquer problema que afete um produtor rural, uma empresa rural, uma agroindústria É UM PROBLEMA DELE, DO PAÍS E DO MUNDO. Sim, porque no mesmo jornal que o Sr. Oliveira leu, há uma nota de rodapé que diz que há 1 bilhão de pessoas no mundo passando fome.

E grito finalmente para o Sr. Oliveira e tantos outros iguais a ele: ABRA OS OLHOS! Desconfie daqueles que querem transformar o agronegócio em uma atividade criminosa.

Autor: Eng° Agr° Fernando Sampaio

Tuesday, March 22, 2011

Água virtual


22/03/2011 - 11h03
Água virtual

Por Xico Graziano*

Proteger os recursos hídricos do planeta está virando uma grande batalha ambiental. Ainda bem. Rios poluídos, nascentes secando, consumo perdulário indicam crise na chamada agenda azul. Água é vida.

Cresce a consciência da sociedade sobre a importância da água. Na Europa, especialmente na Espanha e em Portugal, o assunto tornou-se quase uma obsessão. Territórios desertificados, fruto da secular, e insensata, exploração humana da natureza, exigem extrema atenção das políticas públicas. É difícil, e oneroso, recuperar florestas, protetoras da água.

As mudanças de clima trazem novo, e desastroso, componente na oferta hídrica para a humanidade. Muitas nações, com a Índia, dependem das geleiras das montanhas para garantir seu pleno fornecimento hídrico. E elas estão derretendo a olhos vistos. Que o diga o Himalaia.

No Brasil, a gestão dos recursos hídricos se fortalece, mas caminha lentamente. Avançam a proteção dos mananciais e a recuperação da biodiversidade, nas matas ciliares especialmente, mas o passo está curto diante da urgência do problema.

Poucos Estados, São Paulo à frente, fazem realmente funcionar seus comitês de bacia hidrográfica. A Agência Nacional de Águas (ANA), criada no governo de Fernando Henrique Cardoso, perdeu serventia após ser politizada nos esquemas petistas. Uma lástima.

A dramaticidade do tema favoreceu o surgimento de um novo conceito: o da "água virtual". Ele expressa uma contabilidade básica, qual seja, a de determinar a quantidade de água exigida no processo de fabricação de um produto. Isso avalia um custo ambiental.

Uma caneta ou um avião nada apresentam, visivelmente, de úmido. Entretanto, qualquer mercadoria para ser fabricada demanda certo consumo de água, em alguma fase da cadeia produtiva. Na indústria, as caldeiras movem-se pelo vapor, as quais acionam máquinas, derretem metais, moldam plásticos. Móveis inexistiriam sem a seiva das árvores, alimentadas pelas raízes no solo molhado. Por aí segue o raciocínio.

Calculando a quantidade de água necessária, ou melhor, consumida na elaboração dos bens, pode-se comparar a eficiência dos processos produtivos. Vale na indústria como na agricultura, visando à economia do recurso natural. Mais ainda: no comércio internacional, transfere-se água embutida nas mercadorias, elemento que poderia entrar no preço das exportações e importações. A rica teoria encanta ecologistas mundo afora.

Breve pesquisa na internet vai mostrar que o Brasil é o 10.º exportador mundial de "água virtual", num comércio que movimenta cerca de 1,2 trilhão de litros do precioso líquido, disfarçado nas mercadorias, sendo 67% desse volume relacionados com a venda de produtos agrícolas. Essa é a grandeza planetária da equação.

Números específicos chamam a atenção. Eles indicam que um quilo de carne bovina necessita de 15.500 litros de água para chegar à mesa; um quilo de arroz vale 3 mil litros; uma xícara de café se iguala a 140 litros de água. Surpreende a precisão. Segundo a organização The Nature Conservancy (TNC), uma importante entidade ambientalista, não necessários 10.777 litros de água para fazer uma porção de chocolate, enquanto um carro exige 147.971 litros para ser construído. Conclusão: evite sobremesas e ande de bicicleta para ajudar o equilíbrio da Terra.

Atraente, mas discutível. O cálculo desse fetiche ecológico esconde um perigo, disfarçado por pressupostos, estimativas e arbitragens que o distanciam da matemática, uma ciência exata. Na linguagem popular, chuta-se muito. O grande problema reside na estimativa da quantidade de água embutida nos alimentos. Invariavelmente uma brutal deformação pune a agricultura. Veja o porquê.

Vamos pegar o caso da carne. A conta acima da "água virtual", além do consumo na limpeza das instalações em máquinas, na ração do cocho, na silagem, etc., considera também a quantidade de água que o bicho bebe para ajudar a digestão e viver tranquilo. Acontece que um boi ingere pelo menos 30 litros/dia de água. Ao final de três anos, quando será abatido, terá engolido 32.850 litros apenas para matar a sede.

Preste atenção: incluir tal consumo na conta da "água virtual" somente estaria correto se o boi, ou sua senhora vaca, não fizessem xixi! Acontece que a urina dos animais, do homem inclusive, participa do ciclo da água na natureza, matéria elementar lecionada na quarta série do ensino fundamental. Na escola as crianças aprendem que a água assume formas variadas - gasosa, sólida e líquida - no sistema ecológico do planeta. Assim, recicla-se naturalmente.

Paradoxalmente, o ciclo da água, um dos conceitos fundamentais da ecologia, acabou esquecido pelos proponentes da "água virtual". Um absurdo científico. Dizer que um cafezinho exige 140 litros de água para ser produzido considera o volume de água absorvido pelas raízes da planta, esquecendo simplesmente a evapotranspiração que ocorre em suas folhas, sem a qual inexistiria a fotossíntese. Vale para qualquer alimento.

Em 22 de março se comemora o Dia Mundial da Água. Data para profunda reflexão. A crise ambiental do planeta afeta dramaticamente os recursos hídricos, afetando milhões de pessoas. Essa bandeira ambiental não pode ser desmoralizada por equívocos banais.

É totalmente distinto gastar água nos processos fabris, ou no resfriamento de reatores atômicos, de utilizá-la nos processos biológicos vitais. Igualá-los significa cometer erro crasso, estimulando um festival de bobagens que, no fundo, serve apenas para agredir o mundo rural. E livrar a barra dos setores urbano-industriais.

Na Páscoa coma chocolate sem culpa ambiental. Cuidado, isso sim, com a balança.

*Xico Graziano é agrônomo, foi Secretário do Meio Ambiente do estado de São Paulo. E-mail: xicograziano@terra.com.br.

**Artigo publicado hoje, terça-feira, 22 de Março, na coluna do autor no jornal O Estado de S. Paulo, intitula-se "ÁGUA VIRTUAL". A relação completa das publicações pode ser encontrada em http://www.agrobrasil.agr.br/home/.


(Envolverde/O autor)

Onze são presos por promoverem caça a onças em MS

01/08/2010 21h31 - Atualizado em 01/08/2010 23h55

Onze são presos por promoverem caça a onças em MS

Conversas de fazendeiro foram gravadas com autorização da Justiça.
Policiais chegaram a fazenda no Pantanal onde acontecia um safári.

Do G1, com informações do Fantástico

“Eu quero o seguinte: eu quero uma fazenda no Pantanal em que tenha onça e que eu possa caçar. Porque eu quero me aposentar caçando." A declaração foi gravada em uma conversa telefônica, com autorização da Justiça, em Mato Grosso do Sul.

Veja o site do Fantástico

As escutas deram pistas para que os policiais chegassem à fazenda no Pantanal onde estava acontecendo um safári. O flagrante foi na semana passada. Onze homens foram presos.

Um fim inesperado para o paraguaio e os quatro argentinos que esperavam se divertir caçando no Brasil. Eliseu Sicoli e Marco Antônio Melo vendiam o pacote de caça à onça. De preferência a pintada, mais rara. Na falta dela, a parda. As duas na lista de animais em extinção no Brasil.

A agenda dos caçadores estava sempre cheia. Entre os clientes, muitos estrangeiros.
A quadrilha ganhava por animal morto. Para matar uma onça pintada, por exemplo, cada caçador desembolsava cerca de US$ 1500.

Onças com filhotes eram abatidas
O grupo caçava em três estados, no Pantanal em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná. Os caçadores usavam armas caras, novas e potentes.

“Esse aqui é o revólver calibre 38, para você ter uma noção do tamanho das munições. São munições de altíssima potência”, afirma o agente federal Paulo André Norte. Ele conta que essa arma é capaz de derrubar qualquer animal.

As onças eram abatidas sem perdão. Mesmo que tivesse filhotes, como mostram algumas fotos. Todas guardadas como registros cruéis.

“Não existe explicação para um prazer mórbido deste de abater o animal por abater. Eles tiravam centenas de fotos e na maioria das vezes tiravam o couro para guardar como troféu”, diz o delegado da Polícia Federal, Alexandre do Nascimento.

Em uma das ligações, o cliente aponta defeitos no couro curtido. O negociador pede calma, garante que vai substituir e explica como. “Na verdade é o seguinte, tem duas fêmeas, uma que morreu, e a outra que está viva. Eu pensei até em dar um jeito dela morrer no meio do transporte”, diz um caçador.

Cães de caça
No terreno onde estão os cães que foram apreendidos com os caçadores, perguntamos a Gilberto Costa, chefe do Ibama-MS, de que raça são estes animais: “Estes cães são da raça foxhound americano, que é empregada justamente para fazer este tipo de caça”.

Os cães eram treinados por Marco Antônio, preso na operação. Ele é filho de um personagem-chave nessa história: um certo “Tonho da Onça”, hoje procurado pela polícia. Era apresentado pelo filho como funcionário do Ibama. O que seria uma garantia de que os clientes poderiam caçar sem ser importunados pelas autoridades.

Suspeito se diziam ambientalista
Mas Tonho da Onça nunca trabalhou para o Ibama. Para o público em geral, ele costumava se apresentar como um ex-caçador que mudou de lado. Dizia ajudar ambientalistas a capturar onças e colocar um equipamento capaz de dar a localização exata do animal, como na reportagem, gravada há 14 anos.

Um ano depois da reportagem, a onça protegida foi morta por caçadores. O colar emite sinais de rádio que são recebidos e armazenados nos computadores dos ambientalistas. A polícia não acredita que Tonho tivesse acesso a estas informações. Mesmo assim, no ano passado, três onças com o equipamento foram mortas por caçadores.

“Eu diria que o personagem saiu do quadrinho e veio para a realidade. Esse é o verdadeiro amigo da onça”, diz o chefe do Ibama-MS.

Pela gravidade dos crimes, os onze presos não têm data para sair da cadeia. As buscas por Tonho da Onça continuam. “Ele está escondido no Pantanal, região em que ele mais atuava, e estamos à procura dele”, afirma um policial.

Mesmo com as prisões, os ambientalistas acham que ainda não é o fim das caçadas.
“A questão do Pantanal, existe uma tradição de caça de onças. A gente tem esperança que antes que acabe o bicho a gente consiga mudar alguns padrões tradicionais”, diz o coordenador executivo da ONG pró-carnívoros, Ricardo Bulhosa.

Turismo Cinegético no Douro

Turismo Cinegético no Douro

Afirmar a aposta no turismo sustentável, combater a sazonalidade e potenciar os recursos endógenos da Região são os principais motivos que levam a Turismo do Douro a lançar o Programa “Turismo Cinegético no Douro”.
A importância do Turismo Cinegético como factor de sustentabilidade ambiental, gerador de receitas complementares e mobilizador de outros sectores de actividade como a hotelaria, a restauração e o enoturismo são os pressupostos deste projecto pioneiro na Região.
Integrado no âmbito do produto Turismo da Natureza, desenvolve-se de acordo com a tradição ancestral das caçadas e montarias do Douro e Trás-os-Montes. Região fértil em zonas de caça turística, o apelo por caçar bons espécimes e participar em montarias concorridas, levam os caçadores, no final do Outono e durante o Inverno, a organizarem-se em busca de um programa variado e atractivo que agrade também às respectivas famílias e lhes proporcione um fim-de-semana memorável. Os programas integram geralmente uma noite num hotel ou em unidades de turismo rural; a degustação da gastronomia tradicional acompanhada dos excelentes vinhos do Douro; uma visita aos museus do território e ao património histórico construído; a participação activa num percurso pedestre ou a simples observação da natureza e de uma paisagem deslumbrante. Tudo isto o Douro pode oferecer com distinção e qualidade. A conservação da sua integridade e autenticidade concederam-lhe o estatuto de um dos melhores destinos turísticos sustentáveis da Europa e do Mundo, para além do título de destino turístico de excelência.
É pois, responsabilidade da Turismo do Douro em parceria com os actores da região, públicos e privados, em permanente concertação e com adequado planeamento e criatividade, garantir actividade turística no território durante todo o ano, mobilizando os recursos existentes, promovendo sinergias entre todos os seus agentes, no sentido de converter o Douro numa região turística cada vez mais dinâmica, atractiva e desenvolvida.
Consciente do potencial do nicho de mercado emergente que é o Turismo Cinegético e do seu efeito polarizador, a Turismo do Douro, em cooperação com as federações distritais de caça, os serviços do Ministério da Agricultura, as autarquias, os empresários do sector, vai proceder à divulgação e promoção do programa de montarias para esta época (Novembro, Dezembro, Janeiro e Fevereiro), propondo semanalmente visitas e produtos tradicionais desses territórios.

Sunday, March 20, 2011

Agricultores e pecuaristas transformam boi sanfona em boi safrinha

Agricultores e pecuaristas transformam boi sanfona em boi safrinha

artigos :: Por Editor em 19/03/2011 :: imprimir pdf enviar celular

Na safrinha de 2010, com as incertezas do mercado, os agricultores preferiram plantar braquiária em parte da área destinada ao milho e a outras culturas. Muitos que plantaram milho fizeram o consórcio milho e Brachiaria ruziziensis.



Durante a estação seca estes capins produzem grande quantidade de forragem, que apresenta boa qualidade, mas quando são plantados mais cedo e não são pastejados, tendem a produzir excesso de massa que deve ser roçada para viabilizar o plantio da soja. A palhada e massa de raízes deixadas pelos capins criam uma condição muito favorável ao plantio direto da soja.

Porém, para quem dispõe de uma pastagem tão boa roçar é um desperdício de dinheiro e energia. Os agricultores citam algumas limitações ao aproveitamento desta pastagem, destacando-se a falta de recursos para a aquisição dos animais. Como estas pastagens apresentam período curto de duração, de abril a setembro, se o produtor adquirir o boi magro, as oscilações do mercado podem comprometer o lucro.

Outro aspecto que preocupa os agricultores é o mito de que o boi possa compactar seu solo. Porém, está mais do que provado que boi não compacta, pelo contrário, as raízes da pastagem têm uma grande função de descompactação de solo, desde que manejada adequadamente.

Por outro lado, para muitos pecuaristas há falta de pasto durante a estação seca, o que acarreta vários prejuízos, inclusive a perda de animais. Ao final do verão estes produtores dispõem de muitos animais adultos (erados), como bois e vacas de descarte, que têm peso, mas falta gordura para comercialização. Se estes animais ficarem na propriedade, durante a estação seca, competirão por comida com outras categorias ou então , o produtor se obrigará a confiná-los, o que demanda recurso.

A parceria de engorda de gado entre pecuaristas e agricultores, embora difícil, pode ser uma boa saída para ambos em momento de crise, a exemplo do "boitel" praticado por confinadores e frigoríficos. Este modelo funciona na região Sul, onde o pecuarista faz parceria com o agricultor enviando seus animais para engorda nas pastagens estabelecidas após a soja.

Desta forma o pecuarista viabiliza a engorda e a venda de seus animais na entressafra, época em que há valorização do preço da arroba, não necessitando se envolver com o confinamento de animais. O agricultor também ganha ao diversificar sua fonte de renda com a engorda de gado e, ainda, tem sua pastagem condicionada pelos animais para facilitar a dessecação e o plantio direto da soja.

Para que esta parceria aconteça, o agricultor necessita investir em cercas, mangueira com embarcador e aguada. Porém, não necessita dispor de recurso para a compra dos animais, ao receber estes em parceria. Desta forma, o agricultor fica menos vulnerável às variações de preço do boi magro, viabilizando um negócio interessante para ele e para o pecuarista.

O agricultor deve planejar o plantio das forrageiras para que tenha pasto durante toda a safrinha. As principais forrageiras utilizadas são a Brachiaria ruziziensis, os capins Aruana, Xaraés e Tanzânia. Quando semeadas após soja precoce, em fevereiro, o início do pastejo ocorre no final de abril, início de maio, dependendo das condições do tempo.

Caso sejam semeadas em março e misturadas com sorgo pastejo ou milheto, o início do pastejo é antecipado em um mês. No pico da estação seca, os capins Aruana, Xaraés e Tanzânia são mais produtivos e no final deste período, em agosto e setembro, além das forrageiras citadas, o produtor poderá aumentar a disponibilidade de pasto com os capins estabelecidos em consórcio com milho safrinha.

A base deste sistema é a pastagem, mas como as condições meteorológicas variam muito neste período, a possibilidade do uso de suplementação ou do confinamento deve ser analisada para garantir a terminação de todos os animais até o final de setembro, quando as forrageiras devem ser vedadas para dessecação e retorno da soja.

AUTORIA

Luís Armando Zago Machado
Eng. agrônomo
MSc. zootecnia
Pesquisador II da Embrapa Agropecuária Oeste
Dourados/MS

Links referenciados

Embrapa Agropecuária Oeste
www.cpao.embrapa.br

Luís Armando Zago Machado
buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visual
izacv.jsp?id=K4728359E7

plantio direto
www22.sede.embrapa.br/plantiodireto

Sucuri causa acidente com 5 mortos na BR- 364

Sucuri causa acidente com 5 mortos na BR- 364

Quinta-feira 06/01/2011


O trágico acidente envolveu uma carreta bitrem da Coca Cola e um Honda Civic.








A colisão foi na manhã de ontem, na BR-364, a dois quilômetros da balsa no distrito de Abunã, distante cerca de 200 quilômetros de Porto Velho. A batida foi tão violenta que o Honda Civic pegou fogo na hora e os cinco ocupantes morreram carbonizados. O motorista da carreta e o ajudante conseguiram quebrar o vidro traseiro da cabine e escaparam ilesos.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) constatou que o acidente ocorreu após o condutor do Honda Civil passar sobre uma cobra Sucuri de aproximadamente cinco metros, que estava prenha. Após atropelar o animal, o motorista perdeu o controle da direção, invadiu a pista contrária e bateu de frente contra a carreta. Vários filhotes do animal ficaram espalhados pelo meio da pista e morreram no local.

De acordo com a PRF, a tragédia poderia ter sido ainda pior, pois o fogo do Honda Civil avançou e consumiu também cabine da carreta. Os ocupantes do bitrem conseguiram escapar após quebrarem o vidro traseiro da cabine. O Honda Civil trafegava sentido Rio Branco/Porto Velho e a carreta fazia o trajeto oposto.

Na avaliação da PRF, será difícil a perecia constatar a que velocidade trafegava o Civic, pois não houve marca de frenagem no asfalto. “Tudo indica que foi algo muito rápido, pois o motorista não teve nem tempo de frear”.

No local a polícia encontrou uma carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em nome de Jeferson Tanaka Oliveira, possivelmente condutor do carro. Também foi encontrada uma carteira de habilitação em nome de Samai Tanaka Oliveira.

Veja as imagens:

SUCURI11

SUCURI2

SUCURI1



Thursday, March 17, 2011

A invasão dos javalis


A invasão dos javalis

15/03/2011

Fonte: O Globo, Ciência, p. 34



A invasão dos javalis
Ataques a pessoas no estado do Rio reacendem discussão sobre abate

Emanuel Alencar


Atividade hoje proibida, o abate do javali começa a ser defendido como solução para um problema que já tira o sono de ambientalistas do Rio. Em alerta enviado à Secretaria estadual do Ambiente, o engenheiro agrônomo Rafael Salerno, coordenador de um grupo de trabalho sobre o tema em Minas Gerais, ressalta a necessidade de uma ação imediata para controlar a proliferação destes mamíferos em unidades de conservação fluminenses. E lembra que o javali (Sus scrofa), invasor de origem europeia, já atacou pessoas e causou danos a plantações. Além disso, pode ser hospedeiro de doenças, colocando em risco espécies nativas. O GLOBO apurou que já há registros de suídeos - animais resultados de cruzamentos, os "javaporcos" - no Noroeste Fluminense e na Região Serrana.
Rafael Salerno ressalta que a discussão está inserida em um terreno bastante polêmico, por se tratar de um animal bem quisto aos olhos da maioria - e de alto valor comercial -, ao contrário de outros invasores, como ratazanas e caramujos africanos.
- Não posso ser contra a garantia de sobrevivência dos pequenos produtores. Mas estamos diante de um sério problema, que poderá se agravar de nenhuma atitude for tomada. O javali é considerado uma das 100 piores espécies invasoras - afirma o estudioso, em referência à lista do Invasive Species Specialist Group (ISSG). - A taxa de reprodução destes mamíferos é muito alta. Estima-se que a população dobre a cada seis meses. Apenas para manter o número atual, seria necessário abater 70% da população anualmente.
Além disso, com a população de onças cada vez mais reduzida, os javalis estão sem predadores.
APA de Friburgo tem mais de 600 javalis
A situação mais preocupante no estado é a da Área de Proteção Ambiental (APA) de Macaé de Cima, em Nova Friburgo. Um proprietário cria cerca de 600 javalis em uma fazenda dentro da unidade, o que é proibido por lei.
- Há um criadouro comercial que até hoje não apresentou a licença. O processo corre no Ibama e se arrasta há quase quatro anos. Em caso de fuga, podemos ter graves problemas - afirma o chefe da APA, Carlos Henrique Martins.
No Noroeste Fluminense, mais problemas. A secretária de Meio Ambiente de Porciúncula, Maria de Lourdes Alves de Souza, relata casos de destruição de cultivos.
- Os bichos estão acabando com as plantações. Os proprietários chegaram a fazer armadilhas, mas não conseguem controlar a proliferação. Para piorar, estão se misturando com porcos comuns, resultando em uma espécie bastante agressiva - diz ela.
Em 2005, o Ibama liberou, por instrução normativa, abate e captura dos javalis e porcos asselvajados no Rio Grande do Sul, estado com maior incidência da espécie no Brasil. Mas, ano passado, a decisão foi revogada. A argumentação: estudos mais aprofundados são necessários para se chegar a uma conclusão sobre a forma de controlar a praga.
- Não dá para entender esta postura do Ibama - critica Rafael Salerno. - Por que o órgão, sabendo que se trata de um animal exótico, invasor, proibiu o abate? javali não é uma espécie de caça no Brasil. É um animal nocivo e precisa ser abatido.

O Ibama não retornou às ligações do GLOBO para comentar o assunto.

Proprietário da Fazenda Palmira, no município de Serra Azul, interior de São Paulo, João Carlos Prada importou 44 animais - 40 fêmeas e quatro machos - da França em 1997, com a anuência do Ministério da Agricultura. Um ano depois, o Ibama proibiu a abertura de novos criadouros. Ele defende a liberação do abate para controlar a população.
- Em todo o lugar do mundo o abate é autorizado, menos aqui - ressalta Prada, que vende carne de javali a amigos por R$10 o quilo. - Tem de haver um controle. Eu mesmo faço umas armadilhas de vez em quando. E, como não posso negociar os animais, deixo crescer, defumo e vendo carne defumada. Dá menos doença que o porco confinado - garante.
Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra-RS) depõe contra a defesa de João Prada. "No Brasil, os mamíferos foram identificados como importantes reservatórios de Trypanossoma evansi (responsável pela doença conhecida como mal de cadeiras) e Trypanossoma cruzi (agente etiológico da doença de Chagas), na região do Pantanal", diz o texto.
Ataques fatais de javalis são um problema já registrado no Brasil. Em outubro do ano passado, um lavrador foi morto na região rural do município de Ibiá, a 329 quilômetros de Belo Horizonte (MG).

O Globo, 15/03/2011, Ciência, p. 34

Tuesday, March 15, 2011

Tsunami e Terremoto no Japão...video impressionante



Mais videos e noticias: http://www.thesun.co.uk/sol/homepage/news/3468134/Japan-nuke-leak-threat-to-life-after-earthquake.html?OTC-RSS&ATTR=News

Monday, March 14, 2011

Nova lei de terras 'esfria' interesse de americanos no agronegócio brasileiro

10/03/2011 08h27 - Atualizado em 10/03/2011 09h03

Nova lei de terras 'esfria' interesse de americanos no agronegócio brasileiro

Legislação restringiu compra de terras no país por estrangeiros.
G1 visitou cidade onde há forte presença estrangeira e hotel para 'gringos'.

Ligia Guimarães Do G1, em Luís Eduardo Magalhães, em Goiânia e em Brasília - a repórter viajou a convite da Expedição Safra, da Gazeta do Povo

Mike Gretter, 55 anos, de Iowa, planta soja e milho na Bahia. (Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo)Mike Gretter, 55 anos, de Iowa, planta soja e
milho na Bahia.
(Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo)

A legislação do Brasil para a compra de terras nacionais por estrangeiros, que desde o ano passado ficou mais rígida e limitada à aquisição de áreas de no máximo cinco mil hectares, "esfriou" a disposição dos americanos em investir no agronegócio brasileiro.

Para o norte-americano Michael Gretter, natural de Iowa e que desde 2005 planta soja e milho no Brasil, a postura mais rígida do governo reduziu um pouco o apetite dos produtores americanos em buscar propriedades e fixar residência no Brasil.

“Eu acho que o interesse persiste mais entre os jovens. A fala do governo sobre regular os investimentos desacelerou um pouco, é uma lei complicada. Entre 2003 e 2005, era muito mais fácil encontrar americanos hospedados aqui em Luis Eduardo Magalhães (BA) procurando terras”.

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, diz que o governo prepara a flexibilização de tais restrições, já que o objetivo é apenas barrar movimento especulativo com a terra brasileira

Desde o ano passado, um parecer da Consultoria-Geral da União (CGU) aprovado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e divulgado em agosto limitou a venda de terras brasileiras a estrangeiros ou empresas brasileiras controladas por estrangeiros a no máximo cinco mil hectares. A soma das áreas rurais controladas por estrangeiros também não poderá ultrapassar 25% da superfície do município.

Na opinião de Gretter, a melhora global nos preços dos grãos desde o ano passado – que tornou o cultivo de soja mais lucrativo em todo o mundo, inclusive nos EUA – também pode ter contribuído para diminuir a motivação em deixar o próprio país para obter mais lucro com a atividade agrícola. "Quando eu vim, a rentabilidade estava mais baixa", diz.

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, diz que o governo prepara a flexibilização de tais restrições, já que o objetivo é apenas barrar movimento especulativo com a terra brasileira, como a compra de lotes por fundos de investimento ou investidores que não têm foco na produção.

“A terra é um bem muito valioso no Brasil, e tem perspectiva de valorização muito grande. Não queremos transformar a terra brasileira em mais uma commodity para o mercado financeiro”, afirmou o ministro.

Conforme afirmou Rossi ao G1, o governo deve divulgar em breve uma nota técnica que especifique essas regras para deixar mais clara essa diferenciação entre especuladores e investidores, e assim evitar que sejam afetados produtores que queiram se estabelecer no Brasil para produzir internamente e estimular a economia.

“Precisamos estimular que eles venham, comprem a terra, façam seus investimentos e nos ajudem a produzir, a gerar emprego, a exportar. Queremos esclarecer o parecer da AGU que proibiu a compra de terras por estrangeiros; flexibilizando-o, permitindo a compra para investimentos produtivos”, disse Rossi, que não precisou data para a divulgação do comunicado.

Reportagem publicada no dia 6 de março pelo jornal britânico "Financial Times" diz que o Brasil planeja restringir especuladores de terra no Brasil e que permitirá apenas a presença de investidores "genuínos" para atender ao interesse brasileiro de atrair investimento privado para o setor agrícola.

A publicação cita ainda que o Brasil é um dos poucos países do mundo com capacidade para aumentar a produção de alimentos em um mundo onde a demanda por comida só aumenta, mas que precisará de "enorme investimento doméstico e estrangeiro" para atingir seu potencial.

Aluguel de terras
Gretter, 55, planta 1,6 mil hectares de soja, milho e algodão em terras que ele aluga em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, de um produtor brasileiro que viu no negócio a oportunidade de trocar os riscos climáticos e financeiros da atividade rural pela tranquilidade de receber uma renda fixa uma vez por ano, quando acontece a colheita.

Imagem aérea mostra áreas plantadas na cidade de Luís Eduardo Magalhães (BA) (Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo)Imagem aérea mostra áreas plantadas na cidade de Luís Eduardo Magalhães (BA) (Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo)

A transação é calculada e paga em sacas de soja, a um preço médio de 8 sacas por hectare, segundo apurou o G1. Com base no preço da saca de soja de preço médio de R$ 42/saca de 60 quilos na região em fevereiro, medidos pela AIBA (Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia), o valor recebido por ano pelo dono das terras que o americano aluga seria de cerca de R$ 540 mil.

Queremos esclarecer o parecer da AGU que proibiu a compra de terras por estrangeiros flexibilizando-o, permitindo a compra para investimentos produtivos"
Wagner Rossi, ministro da Agricultura

“Alugar a terra é uma opção que tem funcionado bem, nos poupou um pouco das questões legais, é mais simples”, diz Gretter, que agora visita os EUA apenas duas vezes por ano e diz que as leis e regulamentações brasileiras, junto com a barreira idiomática, é uma das principais dificuldades do negócio.

A administração da produção, tanto aqui quanto dos 3 mil acres que ele ainda mantém em Iowa, é feita em parceria com irmãos e amigos que preferiram continuar residindo nos EUA.

"A parte do plantio é muito parecida, já tem muito da tecnologia de lá disponível aqui", diz ele, que nesta safra plantou algodão pela primeira vez, atraído pelos bons preços do mercado.

Dados do Sindicato Rural de Luís Eduardo Magalhães apontam que há cerca de 30 produtores vindos dos EUA cultivando a terra na região; destes, metade opta por alugar a terra em vez de comprá-la. Há ainda estrangeiros de outros países.

“Temos holandeses, alemães que também plantam por aqui” , diz Vanir Kölln, presidente do sindicato, que estima a presença de 50 estrangeiros nas cercanias de Luís eduardo Magalhães e diz que o número tem se mantido estável nos últimos anos. "Muitos também fracassaram e foram embora", explica.

Mike Gretter (de amarelo), ao lado do irmão e amigo: são sócios só vêm ao Brasil para visitar. (Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo)Mike Gretter (de amarelo), ao lado do irmão e amigo: sócios só vêm ao Brasil para visitar. (Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo)

Falta de informação
Kory Melby, de Minesota, já mora há oito anos em Goiânia, onde tem esposa e filha brasileiras. Veio atraído pela terra barata e a alta produtividade, e hoje trabalha como consultor para americanos que, como ele, chegam com muita curiosidade e pouca informação consistente sobre o Brasil.

"Eu recebo muitos fundos de investimento, homens de Wall Street (referindo-se ao mercado financeiro norte-americano), que não sabem nada de agricultura. Mas daí agora porque agricultura está 'quente', eles precisam alguém para reunir todos esses dados brasileiros e colocar em uma forma conveniente em inglês", diz Kory, que acredita que o produtor mediano dos Estados Unidos, em geral, não está preparado para ser bem-sucedido no Brasil.

"Muitos vêm e acham que já vão fazer sucesso aqui. Mas daí encontram choque cultural, choque da língua, choque de tudo. E aí a tendência é de fracasso.", diz Melby,que alega ter sofrido até adquirir tanta experiência para aconselhar seus conterrâneos.

"Aprendi que para vencer no Brasil você não pode ter atitude superior, tem que trabalhar junto com os brasileiros. Tem que aprender a língua e se engajar socialmente: ir em igreja, evento da cidade, aniversário de criança. Muito aniversário de criança", ensina o consultor em português compreensível apesar do sotaque.

'Sweet home' na Bahia

Hotel no interior da Bahia foi criado para ser ambiente de negócios para estrangeiros. (Foto: Ligia Guimarães/G1)Hotel no interior da Bahia foi criado para ser
ambiente de negócios para estrangeiros.
(Foto: Ligia Guimarães/G1)

A presença estrangeira no oeste baiano é tão forte que motivou a criação, há sete anos, de um hotel idealizado para ser um ambiente de negócios onde investidores norte-americanos se sintam “em casa”, em pleno oeste da Bahia.

O Saint Louis, batizado em referência à homônima produtora de grãos nos EUA, tem o arco da cidade como símbolo e recebe cerca de 60 pessoas por dia.

“Temos um ritmo atípico para a região porque funcionamos mais como os hotéis de Brasília; cheios durante a semana e com menos ocupação nos finais de semana”, conta o gerente Diego Mariano, cuja família veio do sul para produzir em Luis Eduardo Magalhães e hoje é uma das proprietárias do Saint Louis.

O mais difícil, avalia, é qualificar mão-de-obra para atender clientes internacionais: a grande maioria dos funcionários do Saint Louis não fala inglês.

O G1 esteve em Luís Eduardo Magalhães como parte de um roteiro de dez dias e mais de 5 mil km de viagem pelas lavouras de várias regiões do Brasil. De carona nas caminhonetes da Expedição Safra, projeto do jornal Gazeta do Povo que mapeia a produção agrícola no país, a repórter visitou as cidades de Cascavel, Toledo, Catanduvas e Londrina, no Paraná; Goiânia (Go), Luís Eduardo Magalhães (BA); a comunidade de Nova Santa Rosa, em Uruçuí (PI) e Brasília (DF).

Sunday, March 13, 2011

Grupo Pinesso: Bons resultados na colheita do Sudão

22/12/2010 15:05

Bons resultados na colheita do Sudão

Favorecido pelos baixos custos de produção na África, terra fértil e boa logística de transporte, o produtor mato-grossense, Gilson Pinesso, com lavouras em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, já está colhendo bons resultados com a sua primeira safra de algodão e soja, no Sudão

Diário de Cuiabá
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A produtividade, apesar de ser menor do que a de Mato Grosso - maior produtor brasileiro - acaba compensada pela boa renda obtida pelo produtor.

Pinesso plantou este ano 500 hectares (400 ha de algodão e 100 ha de soja), num projeto experimental na região do Sudão, e colheu 2 mil quilos de soja por hectare. “O rendimento ficou um pouco abaixo do esperado porque plantamos com atraso de 50 dias devido à demora na liberação dos insumos (fertilizantes e inoculantes). Mas o baixo custo acabou compensando esta perda e podemos afirmar que a rentabilidade está sendo maior do que a de Mato Grosso, onde a cultura está consolidada”, conta o produtor.

Na região do Sudão, a época ideal para o cultivo de soja é o mês de junho, até o dia 20, mas Pinesso só conseguiu plantar depois do dia 10 de agosto. A expectativa do produtor é chegar no próximo ano a uma produtividade média de 40 sacas por hectare, distante do rendimento médio mato-grossense, de 50 sacas, porque na África o cultivo da oleaginosa é incipiente e ainda não foram descobertas variedades adequadas para o solo e clima da região.

“Mas fizemos os cálculos e chegamos à conclusão de que o lucro foi bem maior, pois o custo de produção na África é de apenas 600 quilos de soja por hectare. No Brasil, o custo passa de 2,2 mil quilos, acima de US$ 800 dólares. Isso acaba fazendo a diferença para o produtor e para ele é o que interessa”, salienta Pinesso.

No caso do algodão, cuja colheita está começando agora, a produtividade está sendo considerada boa. O produtor espera alcançar um rendimento médio de 250 arrobas por hectare, sendo 98 arrobas apenas da pluma, que o produto de maior valor.

“Estamos levando o Ima (Instituto Mato-grossense de Algodão) para pesquisar e desenvolver variedades adequadas na região do Sudão. A nossa previsão é de que dentro de cinco anos poderemos alcançar a produtividade brasileira”.

Pinesso destaca também o menor custo para a produção de algodão no continente africano, onde para se produzir um hectare de algodão gasta-se US$ 1,05 mil. No Brasil, este desembolso pode chegar a US$ 1,80 mil. “Estou bastante otimista com a boa perspectiva de rentabilidade diante e um menor custo de produção. Desenvolvendo tecnologias próprias para a África, num futuro próximo os produtores brasileiros terão todas as condições de ter lavouras naquele continente”, frisa.

PROJETOS - O produtor diz estar “tão animado” que acabou refazendo sua projeção de plantio para a próxima temporada. Para 2011 ele planeja cultivar 40 mil hectares, 20 mil hectares de algodão, 10 mil de soja e 10 mil ha de milho. A expectativa inicial de Pinesso era plantar 25 mil hectares de soja e algodão.

“Pegamos o projeto Brasil-Sudanês, que previa o plantio de 20 mil hectares de soja e algodão para 2011. Somado aos cinco mil hectares próprios, também para a próxima safra, chegaríamos a 25 mil hectares. Mas o resultado está sendo tão bom que elevamos esta projeção em 60% para o próximo ciclo”, conta.

Segundo Pinesso, na África “o solo é fértil, não há problemas de pragas e a logística é boa”. A produção sai das lavouras de caminhão, como em Mato Grosso, mas percorre uma distância muito menor (400 quilômetros, ao invés de 2 mil quilômetros como no trecho Sorriso-Santos) até atingir o porto e seguir rumo à China, Índia, Bangladesh e Paquistão, principais mercados compradores do Sudão.

Não podemos continuar sendo o alvo de críticas de países sem verde

Blog Agronegócio

Maurilio Biagi Filho maubisa@maubisa.com.br

Com Marina e Izabella

Postado em 21 de Setembro de 2010 às 16:09 na categoria Artigo

Com um intervalo de dez dias, entre o final de julho e o início de agosto de 2010, tive o privilégio de dialogar com as únicas mulheres que já chefiaram o Ministério do Meio Ambiente, hoje na linha de frente do governo brasileiro. A ex-ministra Marina Silva esteve na Única em visita como candidata à presidência. A atual ministra Izabella Teixeira compareceu à reunião ampliada do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República.

A figura esguia de Marina me faz lembrar Zeferina Baldaia, a atleta descoberta nos canaviais de Sertãozinho. Ambas têm origem humilde e sofrida. Ambas deram a volta por cima e chegaram ao pódio em suas carreiras. Agora, enquanto Zeferina é vereadora e candidata a deputada, a ambientalista nascida no Acre tenta ser a primeira presidenta do Brasil, um país onde tudo se tornou possível depois que um retirante nordestino conquistou o Planalto.

Na visita à central da indústria canavieira, Marina insistiu na necessidade de se fazer respeitar o percentual mínimo de 20% de vegetação original em toda propriedade rural. Depois de ouvi-la, fiz a pergunta que mais frequentemente me ocorre em termos ambientais: quantos hectares de mata são derrubados a cada hora de conversa fiada e de debates bem intencionados sobre o futuro do planeta?

A resposta existe, e vem de várias fontes, mas infelizmente não resulta em ações concretas. Em junho passado, segundo a ONG Imazon, foram cortados 172 quilômetros quadrados de matas, 15% mais do que em junho de 2009. Por baixo, isso dá pelo menos 5 quilômetros quadrados por dia; uns 200 mil metros quadrados por hora ou, seja, cerca de meio campo de futebol por minuto.

Estimados a partir de informações de satélites, esses números se refletem em diversas atividades econômicas geradoras de empregos, renda, tributos e investimentos, mas no balanço ambiental o que sobra é mais aquecimento global. Outra pergunta pertinente: se temos tecnologia para quantificar o problema, por que não avançamos na solução?
Ora, essa renitente tolerância com o desmatamento e outras mazelas ambientais é uma armadilha contra nossa autonomia. Pela lógica empresarial, é prioritário parar de desmatar onde quer que seja, especialmente em nosso maior ativo ambiental, cuja imensidão faz do Brasil o país mais verde do mundo.

Precisamos enfrentar a contradição em que nos colocam os ambientalistas daqui e de fora. Eles nos fazem sentir culpa por desmatar, e nem nos perguntamos a quem serve a madeira clandestina ou legalizada à sombra de alguma autoridade corrupta. O mesmo acontece com plantas medicinais, animais exóticos e minérios raros, em torno dos quais há uma rede internacional de empresários-traficantes a serviço dos chamados mercados globais.

Nessa ficção denominada “comunidade internacional” não há ninguém com moral para criticar o Brasil. No outro lado do Atlântico só vejo empresas e países querendo comprar crédito-carbono. Para quê? Para poder continuar jogando CO2 na atmosfera.

Cabe aos brasileiros desfazer-se do complexo de viralata, segundo o qual, agora, é feio plantar. Feio é negar-se a assinar o Protocolo de Kyoto, como fez o governo americano.

Nós brasileiros devemos nos orgulhar de ser uma potência agrícola emergente. Felizmente temos muita terra para cultivar de forma sustentável, saciando a fome da população local e exportando alimentos para o mundo. Nossas lavouras ocupam apenas 70 milhões de hectares. De cana são 9 milhões de ha, de soja não saímos de 20 milhões. Nossa produção anual de grãos é relativamente pequena, ainda não chegou a 150 milhões de toneladas por ano.

Parece um desabafo, mas foi isso mesmo que falei no encontro da Única com Marina Silva e, em Brasília, na reunião do CDES, na presença dos ministros Wagner Rossi da Agricultura, Guilherme Cassel do Desenvolvimento Agrário e Izabella Teixeira do Meio Ambiente. Pela primeira vi o trio ministerial responsável pela produção agrícola, a ocupação das terras e os cuidados ambientais com um discurso alinhado, buscando uma atuação harmônica em favor da agricultura brasileira.

À ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que me pareceu uma pessoa madura e sensível, fiz questão de lembrar que a culpa do desmatamento da Amazônia não é de seu ministério, mas da impunidade construída por todos nós – desde os contraventores nos sertões até os legisladores em seus gabinetes. Até quando vamos continuar com esse faz-de-conta?

Se cuidarmos de nosso jardim, ninguém mais se sentirá no direito de nos ensinar a cuidar de nossa casa. Um país com clima favorável, fartura de terras, tecnologia avançada e grande potencial de produção rural, além da melhor matriz energética do mundo, não pode continuar sendo o alvo de críticas de países sem verde.