Monday, September 13, 2010

Mundo vai viver nova onda de êxodo rural

12 de setembro de 2010 | 0h 00
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Levantamento do FMI e da OIT mostra que fenômeno vai levar 30 milhões de pessoas por ano para os centros urbanos, na próxima década

- O Estado de S.Paulo

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O mundo vai viver uma década de grande êxodo rural e 30 milhões de pessoas deixarão o campo em direção às cidades por ano. O alerta é do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

As organizações advertem os governos para se prepararem não apenas para acolher essas pessoas com infraestrutura adequada, mas também para que assegurem políticas de criação de empregos se não quiserem ver o aumento da pobreza.

A constatação faz parte de um levantamento feito sobre o futuro do mercado de trabalho. Em dez anos, o mundo terá de gerar 440 milhões de empregos para um exército de novos trabalhadores.

"Esses postos terão de ser criados apenas para não agravar ainda mais o nível de desemprego no mundo. Não para resolver a falta de trabalho, que atinge 210 milhões em 2010", alertou Steven Pursie, um dos principais economistas da OIT.

Parte dessa necessidade em gerar novos postos ocorre diante da explosão demográfica que ainda acontece em alguns países emergentes. Mas uma parcela importante ocorre pelo êxodo rural. "O desafio será enorme, tanto para governos como para a sociedade", afirmou Pursie. "Esse talvez seja o maior movimento de seres humanos em direção às cidades em um século."

Economia. O impacto sobre a economia deve ser profundo. Uma pequena minoria estará trabalhando em apenas um setor - o agrícola - que continuará responsável por alimentar uma grande maioria.

O fluxo de migrantes do campo para as cidades não é um fenômeno novo. Nos últimos 50 anos, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) estima que 800 milhões de pessoas teriam deixado terras e trabalho no campo para buscar uma vida melhor nas cidades.

Os países industrializados já passaram por esse fenômeno décadas antes.

Mas o ritmo dessa migração deve dobrar. A falta crônica de acesso à terra, queda de produtividade e de renda, além de problemas ambientais, são os principais fatores que estariam levando milhões para as cidades.

"Os países emergentes devem se preparar para uma explosão de suas cidades, o que já vem ocorrendo", disse o chefe do Instituto de Pesquisas de Desenvolvimento das Nações Unidas, Yusuf Bangura. "Os salários no campo não vão acompanhar o aumento de renda nas cidades e o fluxo será inevitável em muitos casos."

Em 2008, pela primeira vez, mais de 50% da humanidade vivia em cidades. O que o estudo liderado pelo Fundo Monetário Internacional mostra agora é que essa tendência não vai parar de crescer.

Em 1900, apenas 13% da população mundial vivia em cidades, cerca de 200 milhões de pessoas. Essa taxa, 50 anos depois, subiu para 29%. Em 2005, 3,2 bilhões de pessoas viviam em centros urbanos, ou 49% da população mundial.

Para 2030, a projeção apontada no levantamento é de que 60% da população do planeta esteja fora do campo, quase 5 bilhões de pessoas.

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