"Legislação ambiental é inviável para agricultor", diz Aldo Rebelo: Para Rebelo, a legislação ambiental está tornando a vida do agricultor no Brasil uma coisa inviável
Créditos: AgBrA votação decisiva da polêmica reforma do Código Florestal está na fila das pautas da Câmara dos Deputados que ficaram congeladas devido ao segundo turno da eleição presidencial. O surpreendente desempenho da senadora Marina Silva (PV-AC) na eleição para presidente deu novo fôlego e ânimo aos ambientalistas contrários às mudanças. Relator e principal líder do projeto que flexibiliza as normas ambientais brasileiras em nome da agricultura, o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) espera resolver a questão ainda este ano.
Leia a entrevista publicada no jornal Brasil Econômico do dia 9 de novembro de 2010.
BRASIL ECONOMICO: Acredita que a reforma do Código Ambiental será votada ainda neste ano?
ALDO REBELO: A decisão é do presidente da Câmara. Eu não conversei ainda com o Michel (Temer) sobre isso. Não tenho a mínima ideia de como e quando vai acontecer. Prefiro votar o mais rápido possível. Nada menos que 90% das propriedades rurais do país estão na ilegalidade. Em alguns estados, como Rio Grande do Sul, esse número chega a 99%. E ninguém apresenta alternativa para isso. Já há um aumento grande no preço da carne e do feijão. As pessoas estão com dificuldade no campo.
BRASIL ECONOMICO: Por que os preços aumentaram?
ALDO REBELO: Porque a legislação ambiental está tornando a vida do agricultor no Brasil uma coisa inviável. É um desestímulo à produção.
BRASIL ECONOMICO: O deputado Ivan Valente (Psol-SP), que foi reeleito, promete uma "guerra de guerrilha" na Câmara contra a reforma do Código...
ALDO REBELO: Não tem guerra de guerrilha nenhuma.Eles não têm voto lá em Brasília. O que eles têm é apoio de boa parte da mídia internacional e das editorias de meio ambiente da mídia nacional, que são formadas por jornalistas que não sabem o que acontece nos campo. São todos lamentavelmente pautados pelas ONGs que recebem dinheiro externo.
BRASIL ECONOMICO: Acha que existe muito radicalismo entre os ambientalistas?
ALDO REBELO: Não é um problema de radicalismo. Muitas áreas ambientais apoiam a regularização e compreendem a importância do Código. Mas existem outras ONGs que defendem o interesse da agricultura europeia e norte-americana. O problema deles é a concorrência do Brasil a estes países ricos que têm uma agricultura altamente subsidiada. A agricultura do Brasil tem custo menor e é mais competitiva. Trata-se de uma questão de comércio internacional. Europeus e americanos financiam essas ONGs para atuar em defesa de seus interesses. O problema não é o radicalismo, é defender um interesse meramente comercial.
BRASIL ECONOMICO: Que ONGs são essas?
ALDO REBELO: Recebem dinheiro da Europa. O Greenpeace, que é uma das mais importantes, WWF, Conservação Internacional. Todas elas recebem dinheiro do exterior.
BRASIL ECONOMICO: O deputado Ivan Valente, da Frente Ambientalista, afirma que o senhor perdeu apoio da Contag e do MST.
ALDO REBELO: Não perdi coisa nenhuma. Pergunte aos Sem Terra. Ligue para Diolinda no Pontal do Paranapanema. Veja quantos votos o Ivan teve lá e compare com a minha votação. Por que se deve anistiar os desmatadores? Existe uma anistia em curso no país que foi assinada pelo Carlos Minc (ex-ministro do Meio Ambiente). Um decreto de novembro de 2009, que criou o programa "Mais Ambiente", propõe perdoar as multas de todos aqueles que se regularizarem. Eu só reproduzi o mesmo texto do decreto do Minc.
BRASIL ECONOMICO: Ruralistas dizem que pode haver escassez de arroz. Não é um exagero isso?
ALDO REBELO: Não é exagero. 75% do arroz produzido no Brasil esta na ilegalidade. A legislação proíbe o arroz de várzea, que responde pela maioria da produção. O decreto do presidente Lula adiou a entrada em vigor da legislação até julho de 2011. Se até lá não for resolvido, todo esse pessoal entra na ilegalidade.
BRASIL ECONOMICO: Sua votação caiu em 2010 em relação a 2006. Acha que pode ser por suas posições?
ALDO REBELO: Se eu perdi é um paradoxo. Perdi no campo e ganhei na capital, onde minha votação aumentou. (risos). Não tem nada a ver com esse debate. Em 2006, eu era presidente da Câmara.
BRASIL ECONOMICO: Se ficar para no que vem, novos ambientalistas prometem guerra de guerilha?
ALDO REBELO: Não tem guerra de guerrilha nenhuma, porque eles não tem voto lá em Brasília. O que eles tem é apoio da mídia internaciomal, editorias de meio ambiente da mídia nacional. São jornalistas que não sabem o que acontece nos campo e são pautados pelas ONGs, lamentalvelemnte. Tem é dinheiro externo nos bolsos das ONGs e apoio de uma parte da mídia.
FONTE
Brasil Econômico
Pedro Venceslau - Jornalista
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