Friday, January 28, 2011

O plantio direto na palha como solução sustentável


Apesar de ser pouco difundida nas universidades brasileiras, a tecnologia, aplicada em todo o mundo, reduz a emissão de gás carbônico na atmosfera
Breno Fonseca
28/01/2011
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Fonte: http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Newsletter.asp?data=27/01/2011&id=23585&secao=Agrotemas

O plantio direto na palha é uma tecnologia desenvolvida no mundo todo. Da Patagônia ao Canadá. Da Europa à Ásia. Em janeiro, um grupo da Finlândia fez uma visita aos experimentos. Em fevereiro, ucranianos também receberão informações. E, no Brasil, os trabalhos foram iniciados há cerca de 30 anos, mas ainda não ganharam a projeção necessária, sobretudo no meio acadêmico. Favorecendo o cultivo de hortaliças, cana-de-açúcar, arroz e grãos, a cobertura do solo diminui os gastos com irrigação e beneficia o meio ambiente ao evitar que o gás carbônico chegue até a atmosfera.



Segundo o diretor honorário da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha (FEBRAPDP), Manoel Henrique Pereira, a técnica surgiu por conta dos efeitos da erosão provocados pelas altas densidades de chuva. Com as tempestades que assolaram a região serrana do Rio de Janeiro, o assunto parece estar ainda mais em alta, pois as lavouras brasileiras sofrem com o arraste do solo pelos grandes volumes de água. Por isso, a cobertura da terra com palha é a melhor ferramenta para oferecer estabilidade aos terrenos.

— Anteriormente, no sistema convencional de mecanização e movimentação intensivas, uma chuva de grande volume em pouco espaço de tempo poderia levar 20, 30 toneladas de solo desde a superfície a camadas mais profundas. E essas perdas são irreparáveis, pois, se o solo sai da área rural, vai parar nos rios, oceanos, represas de água potável ou de geração de energia. Se existe, hoje, um reconhecimento de órgãos públicos sobre a importância do plantio direto, apesar de ele estar no Brasil há mais de 30 anos, é porque esse sistema traz uma série de benefícios não só aos agricultores mas também para toda a comunidade — exalta Manoel Pereira.

A palha utilizada é resultado das colheitas anteriores ou de culturas exclusivamente voltadas para a cobertura do solo. Com a orientação de técnicos especializados, levando-se em consideração as condições climáticas, de solo e culturais, é possível atender a pequenos, médios ou grandes proprietários rurais. O diretor da FEBRAPDP ainda destaca que o plantio direto também reduz o arraste do solo durante a estiagem, pois, em períodos de grande luminosidade, a terra sofre uma verdadeira cauterização, com a eliminação de minhocas, tatuzinhos e toda a gama da fauna de solo. Com isso, para Estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Maranhão e regiões como o Cerrado mineiro e baiano, o plantio direto na palha torna-se uma questão de sobrevivência.

— Porém, as universidades ainda são muito tímidas com relação à abordagem do tema. Não existe uma consciência da importância do agrônomo sair da universidade e ter conhecimento da técnica. Então, quais os limites para o aumento da área do plantio direto? É condição financeira, econômica? Não, é técnica, porque o agricultor tem a terra, a máquina, a capacidade de endividamento, o cadastro bancário, mas não tem conhecimento, nem assistência. Pela Federação Brasileira de Plantio Direto, firmamos um convênio com a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) para fazer um trabalho de atualização de técnicos recém formados ou em atividade — ressalta Manoel.

Irrigação e meio ambiente

A estimativa é de que, em dez anos, a área atual com uso da técnica de plantio direto seja ampliada em oito milhões de hectares, passando de 25 milhões para 33 milhões de hectares. Esse acréscimo vai permitir a redução da emissão de 16 a 20 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. Isso acontece por conta da retenção do carbono no solo, já que a terra não é revolvida. Com a palha evitando a transmissão de gás carbônico, diminui-se a degradação da Camada de Ozônio, o efeito estufa e as temperaturas elevadas.

De acordo com os dados da pesquisa, outro grande benefício da tecnologia é a redução de 30 a 50% do uso de água pela irrigação, dependendo da cultura, devido à diminuição da evaporação. A temperatura do solo pode manter-se a 20° a menos que o normal, o que acarreta em reserva de umidade e menores custos com processos irrigatórios.

Para maiores informações, basta entrar em contato com a FEBRAPDP pelo telefone (42) 3223-9107.

Clique aqui, ouça a íntegra da entrevista concedida com exclusividade ao Portal Dia de Campo e saiba mais detalhes da tecnologia.

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