| | Região de Sorriso, MT, banhada pelo Rio Teles Pires; na foto à direita, silos e armazéns cercados por áreas de plantio | Quando o primeiro número de GLOBO RURAL chegou às bancas, centenas de famílias, como os Sucolotti, os Maronezzi, Antoniolli, Leitão, Pivetta, Cortezia, Maggi, Frâncio, Fraga, Pipino, pegavam pesado no nortão mato-grossense, vasto mundo verde de matas sem fim exposto aqui e ali por povoados emergentes como Sorriso e Lucas do Rio Verde, cidades como Sinop, estradas precárias, clareiras do extrativismo madeireiro, pastagens recém-formadas e lavouras tímidas, pequenas para os padrões atuais. A maioria compunha-se por descendentes de imigrantes italianos fixados no Rio Grande do Sul e, em menor escala, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Situada a 415 quilômetros da capital pela BR-163, rodovia que liga Cuiabá a Santarém, PA, Sorriso ainda não tinha dentes. Distrito de Nobres, só alcançou a maioridade em 13 de maio de 1986, data de sua emancipação política. Tem quase a mesma idade da revista. Nasceu quando a equipe de GLOBO RURAL preparava a oitava edição; Nadir Sucolotti suava a camisa para realizar seus sonhos; Clóvis, Edno e Evandro Cortezia, para se firmar como produtores de grãos em Lucas do Rio Verde; e Angelo Maronezzi, para se transformar no que é: grande rizicultor em Sinop, um dos mais tecnificados do estado. | Estrada asfaltada com dinheiro dos produtores rurais: exemplo de parceria entre o poder público e o privado | Todos pertencem à segunda geração dos pioneiros, gente como Guilherme Sucolotti, Dirceu Cortezia, Ambrósio Maronezzi e tantos outros. Enfim, colonos com passado agrícola atraídos pela aventura, terra barata e farta e possibilidade de enriquecimento com o desenvolvimento da região a partir da abertura da BR-163, rasgada na selva pelo governo militar como parte do programa de integração da Amazônia. Lembram da frase "integrar para não entregar (aos americanos que, já naquela época, cobiçavam a floresta e temiam a concorrência futura - atual - na produção de grãos)"? Aos 8 anos, Nadir sonhava com frota própria e uma bela propriedade em algum lugar trilegal. Aos 18, ajudando o pai no boi-arado, só via dois caminhos para ganhar a vida, ambos com horizonte muito além das fronteiras de Encantado, RS, onde nasceu: ou abria uma churrascaria em estrada movimentada Brasil acima ou puxava carga mundo afora, como o fizeram outros gaúchos com futuro nublado pela frente. Comprou um caminhão a prestação, sentou na boléia e partiu, percorrendo o país durante sete anos, até se fixar na região de Sorriso, que começava a plantar soja. | Nadir Sucollotti, com um pé no calcário cítrico: trabalho, tecnologia e clima para aumentar a produtividade | Hoje, cultiva 7 mil hectares de grãos, tem 3,5 mil hectares de pastagens, dirige uma revenda de combustível, uma transportadora e dois aviões agrícolas. Em honra do passado, foi buscar nas coxilhas gaúchas o primeiro carro do pai, já falecido: um jipe 54, com todas as peças originais, incluindo as madeirinhas sobre o capô. "Comprei do novo dono por 15 contos (15 mil reais), mas pagaria qualquer preço por ele", ressalta, feliz com a aquisição. É um símbolo de sua trajetória e espelho das dificuldades pelas quais ele e os demais imigrantes, a maioria com histórias pessoais parecidas, passaram. Quando se instalou na região, o povoado tinha 600 habitantes, plantava 50 mil hectares de grãos e colhia 300 mil sacas de soja. Atualmente, Sorriso ocupa 700 mil hectares com lavouras e colhe 20 milhões de sacas. Com 55 mil habitantes e 8,9 mil quilômetros quadrados de área, é o maior produtor brasileiro de soja, contribuindo com 2% da produção nacional e mais de 15% da estadual. Mato Grosso se transformou rapidamente no maior produtor do grão no país. Há 30 anos, a lavoura era incipiente no nortão. Só recentemente, com o desenvolvimento de tecnologias que permitiram implantar variedades adaptadas e incorporar nutrientes ao solo pobre, a agricultura extensiva explodiu. Em 2004, o estado deve aumentar a área dedicada à soja em 500 mil hectares, o que corresponde a 75% do crescimento estimado para o país. Apesar do desenvolvimento do município e de seu nome (leia "Sorrisos a torto e a direito"), nem tudo é alegria. O prefeito José Domingos Fraga Filho explica que o progresso trouxe comerciantes, técnicos, profissionais liberais, pequenas, médias e grandes empresas, como Cargill, Bunge, ADM, Amaggi, mas atraiu também pessoas sem qualquer ofício ou especialização, gente humilde em busca de melhores condições de vida. A disparidade é visível. De um lado, prosperidade, conforto, pujança. Do outro, desemprego, dificuldade, penúria. O prefeito afirma que parte desse contingente de aflitos foi iludida por falsas promessas, como um grupo de famílias maranhenses "despejado" na rodoviária da cidade por conta de algum esquema oportunista. Mesmo assim, houve quem conseguisse ocupação; outros, desiludidos, voltaram às respectivas regiões de origem; e os que ficaram aguardam, ansiosos, em assentamentos improvisados e casas populares periféricas, qualquer oportunidade de emprego. | Áreas de lavoura abertas no Cerradão e faixas de mata nativa: tentativa de equilíbrio entre produção e preservação | "Como conciliar capital e trabalho?", perguntam-se todos em Sinop, Lucas, Nova Mutum e outros municípios com crescimento demográfico ao redor dos 10%. Para José Domingos, uma das respostas é a parceria entre o poder público e o privado, que resultou, por exemplo, no Programa Estradeiro, sistema de convênios entre produtores rurais, empresários, prefeituras e estado para recuperar, construir e pavimentar estradas. "O município entra com infra-estrutura e mão-de-obra, o produtor com capital e o estado com asfalto", explica o suinocultor (tem 4 mil matrizes), agricultor e prefeito de Lucas do Rio Verde, Otaviano Pivetta, autor da idéia. Nascido em Caiçara, RS, há 20 anos na região, ele explica que, na média, prefeituras e produtores rurais respondem por 50% dos custos e o estado, pelos outros 50%. A contribuição de cada agricultor depende do tamanho da lavoura e da distância da estrada. Quanto mais perto, maior. Se ficar à margem pagará 100% da cota, fixada de acordo com o número de participantes e o custo da obra; se ficar a 20 quilômetros, 80%. Cada estrada tem seu consórcio. "O valor é proporcional ao benefício", justifica o prefeito-produtor. Com quatro fazendas em Lucas do Rio Verde e Nova Mutum, ele vai plantar 72 mil hectares de grãos este ano. O programa já tem 23 consórcios constituídos. O objetivo é asfaltar 2,4 mil quilômetros e formar um corredor no sentido leste-oeste, interligando os municípios. | Reprodução de foto feita na região de Sinop, no início da colonização do nortão | Os primeiros 60 quilômetros da estrada que liga Lucas do Rio Verde a Tapurá, a oeste, devem ficar prontos ainda este mês. Segundo suas contas, esse trecho deve beneficiar 120 agricultores com 300 mil hectares de lavouras, cabendo a cada um de 1 a 5 sacas por hectare. "Pagaremos sem pestanejar", garante a família Cortezia, originária de Santo Ângelo, RS. Clóvis, Edno e Evandro Cortezia chegaram à região com 17, 15 e 13 anos, respectivamente, acompanhando o pai, Dirceu, que comprou 600 hectares em 1984. Há oito anos, deixou 3,8 mil hectares aos cuidados do filho mais velho e do caçula para criar gado em Matupá, acima de Sinop. Edno mudou-se para Santarém para cultivar grãos na fazenda Lavras, de 8 mil hectares, adquirida há três anos. "Nós pulamos a adolescência. Não sobrou tempo pra diversão", reclama Clóvis, conformado. Na verdade, tiveram alguns dias no mês passado, antes do início do plantio da safra 2004, mas nem pensaram em descansar ou viajar. | Trecho em obras da estrada que liga os municípios de Lucas do Rio Verde e Tapurá: pagamento em soja | Com 15 anos de idade (GLOBO RURAL estava em sua 34.ª edição em julho de 1988, data de sua emancipação) e 25 mil habitantes, Lucas do Rio Verde é o primeiro município a plantar soja no país, em função de seu microclima, destacando-se também como pólo agroindustrial e pela qualidade do ensino, tido como modelo no estado - abriga até uma faculdade, construída com auxílio financeiro de produtores rurais. No nortão, é costume esperar a chegada da estação chuvosa, a partir de 15 de outubro, para iniciar o plantio. Os irmãos Cortezia destoaram. Em 13 de setembro - bastou cair uma chuvinha de 25 milímetros -, já estavam com semeadoras sobre as palhadas de milho, sorgo e milheto. "Tem um certo risco nisso, mas queremos antecipar a colheita para entrar com algodão", explica Clóvis, de olho no futuro. Faz parte de seus planos juntar-se a Edno. "Vou ser o primeiro a plantar algodão no Pará", completa, advertindo, porém, que a ida do irmão para Santarém não tem nada a ver com a BR-163. "A lavoura já está estabelecida, não depende em nada daqui. A infra-estrutura, o escoamento, a comercialização, tudo é feito lá por cima (através da calha do Rio Amazonas). Em sua opinião, o maior entrave à expansão da agricultura na Amazônia é de ordem ambiental. Pela legislação, as propriedades rurais devem preservar 80% da mata. Na zona de transição entre a floresta e o Cerrado (a vegetação começa a mudar em Vera, município entre Sorriso e Sinop), o índice é 35%. No Cerrado, 20%. | Enio Pipino (no centro da foto), durante as festas de inauguração da cidade de Sinop | O nome Sinop é alusão às iniciais da empresa paranaense que desbravou a região, a partir de 1972: Colonizadora Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná, do legendário Enio Pipino, fundador de 13 cidades, entre as quais Vera, Santa Carmen e Cláudia. Com 24 anos de emancipação política e 3,2 mil quilômetros de extensão territorial, tem quase 100 mil habitantes. A madeira ainda é a principal fonte econômica, seguida pela pecuária de corte. O município tem 300 madeireiras, mas já teve 800. Segundo o prefeito Nilson Leitão, a agricultura cresceu 700% nos últimos três anos, em função dos bons preços dos grãos, rarefação de árvores de grande porte e desgaste das pastagens. "Há dez anos, o alqueire (2,4 hectares) custava 100 reais. Hoje, vale 10 mil", compara. | BR-163, na área urbana de Sinop: municípios cresceram à margem da rodovia, ainda inconclusa | Para ele, a conclusão da BR-163 pode resultar em desmatamento e ocupação, mas não no Pará. "As terras ao longo da rodovia não prestam para agricultura extensiva, a não ser acima de Rurópolis, perto de Santarém. O relevo é ondulado, não serve à mecanização. Por isso, a fronteira agrícola está se alargando com mais intensidade nos sentidos leste e oeste". No caso de Sinop, a expansão alcançou madeireiros como os irmãos Antoniolli, da Coimal - Comércio e Indústria de Madeira Ltda., que adotaram sistema de integração lavoura-pecuária, há quatro anos. "Estamos indo bem", afirma Valdemar Antoniolli, gaúcho de Nova Prata. Inicialmente, eles plantaram 400 hectares de arroz de sequeiro; na safra seguinte, 480; e na atual, 650, com intenção de cultivar 1.200 em 2004. Quem sobrevoa a região, como Francisco Ledur faz cotidianamente, nota a preocupação atual dos agricultores em manter faixas de mata ao redor das lavouras ou reflorestar trechos desbastados, mas as clareiras do cultivo continuam crescendo. Chico Ledur é dono da Naja Aeroagrícola, empresa com quatro aviões, entre os quais dois Ipanemas, para os trabalhos de pulverização. Há dois, trocou Novo Hamburgo, RS, por Sinop, e não pensa em voltar. "O Centro-Oeste é a menina dos olhos do planeta Terra para os grãos", diz ele, animado com a demanda por seus serviços e vôos fretados por empresários e fazendeiros, interessados em comprar terras. | Clóvis (de branco) e Evandro Cortezia: pioneirismo no plantio de soja precoce e olho no algodão, em sucessão | "A soja não ganha do arroz", emenda Angelo Maronezzi, do grupo Agro Norte, empresa com lavouras de grãos, criatórios de suínos, frango e peixe e fazenda de engorda de boi. Engenheiro agrônomo, presidente da Associação dos Produtores de Arroz de Mato Grosso, chegou a Mato Grosso em 1974 com o pai, Ambrósio, e seis irmãos. Originária de Rolândia, PR, a família morou dois anos em casa de pau-a-pique, tomando banho de rio, comendo caça, pesca, frutas e alguma hortaliça. "Não havia energia elétrica. A gente encostava o trator na tapera e acendia sua luz para fazer o jantar", lembra. É sócio de uma empresa de pesquisa e produção de sementes com variedades de arroz, milheto e sorgo patenteadas, coleções de arroz aromático e um híbrido de terras altas que deve ser lançado neste mês no mercado internacional por empresários chineses, interessados no produto. "A China cultiva arroz em lâmina d'água do mesmo jeito, há milênios. Agora, com o declínio dos mananciais, está numa encruzilhada: ou continua dando água para o produtor em sistema irrigado ou planta variedades de sequeiro, como nós fazemos." | | Angelo (de preto) e Ambrósio Maronezzi: o arroz ainda predomina em Sinop, onde a atividade madeireira vem sendo substituída pela agricultura | Pelos cálculos de Angelo, a soja dá 300 reais de faturamento líquido por hectare, considerando a média de 50 sacas por hectare, 30 reais a saca e custo de produção de 1.200 reais. "No arroz, o ganho é pelo menos três vezes maior (70 sacas por hectare, 40 reais a saca e 800 reais de custo de produção)", compara. Em setembro do ano passado, a saca de arroz custava a metade, mas ainda assim o lucro seria maior. Por causa da alta no preço, decorrente da quebra da safra gaúcha, por excesso de chuvas, os rizicultores do estado devem aumentar a área dedicada à cultura em 8% a partir deste mês, quando se inicia o plantio. No entanto, a soja avança. Segundo levantamento técnico, Mato Grosso poderia produzir mais de 100 mil toneladas da oleaginosa com a incorporação de áreas desbastadas e a abertura de novas áreas, meio a meio. Ou seja, 50% para o grão, 50% para a floresta. Segundo dados oficiais, existem de 12 milhões a 15 milhões de hectares abandonados no estado, o que torna possível duplicar a produção de grãos sem derrubar nenhuma árvore. A meta para os próximos dez anos é aumentar a produção agrícola, atualmente em 17 milhões de toneladas, para 45 milhões. É tempo suficiente para a população local mostrar que é possível conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. | Vista aérea de Sorriso, símbolo do esforço dos pioneiros | O município de Sorriso faz divisa com Sinop, ao norte; Vera e Nova Ubiratã, a leste; Lucas do Rio Verde, ao sul; e Tapurá, a oeste. O microssolo compõe-se de latossolos vermelho-amarelados. A fertilidade natural é baixa, mas responde muito bem à calagem e adubação. O relevo é plano, com ondulações à beira dos rios, especialmente do Teles Pires, que corta o município ao meio antes de se juntar com o Juruena para desenhar o "bico" que caracteriza o norte do estado e formar o Tajapós, um dos principais afluentes do Amazonas. A vegetação alterna-se em matas abertas e fechadas, várzeas e matas ciliares. O clima é tropical úmido, com temperatura média ao redor de 26°C e 2.000 milímetros de chuvas. A estação chuvosa vai de outubro a abril e a seca, de maio a setembro. À semelhança de Sinop, Lucas do Rio Verde e outras cidades do nortão, Sorriso tem alto IDH-M - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal. Ninguém sabe ao certo a origem do nome. Segundo Ney Frâncio, da colonizadora Feliz, que fez os primeiros loteamentos, remonta às primeiras reuniões dos pioneiros, que freqüentemente terminavam em boas risadas. Segundo outra versão, deve-se à predominância de lavouras de arroz, antes do advento da soja. Como eram, quase todos, "oriundi", diziam "só riso" (riso é arroz, em italiano) quando alguém perguntava sobre o que plantavam. | Clareira rasgada na mata pelos colonizadores: a exploração econômica começou com a madeira | A conclusão da BR-163 é sonho antigo. A rodovia está pavimentada de Cuiabá a Matupá, MT, embora esburacada em alguns trechos e quase intransitável em outros. Poeira, barro e atoleiros cobrem mais de 800 quilômetros, até perto de Santarém. Desde sua inauguração, presidentes e ministros prometeram asfaltá-la em toda a sua extensão, mas, até hoje, nada. A esperança renasceu em maio, quando o governador Blairo Maggi, maior produtor de soja do país, com história pessoal semelhante à da maioria dos imigrantes do Sul do país, costurou uma aliança entre trades (Bunge, ADM, Amaggi, Cargill, etc.), cooperativas, empresários da Zona Franca de Manaus, empreiteiras, prefeitos, governadores dos estados do Norte e governo federal para privatizar a rodovia. Quando concluída, servirá para escoar as safras do norte do estado, mas também a produção agrícola e industrial da Amazônia, como no caso dos eletroeletrônicos da Zona Franca de Manaus, direcionados, em sua maioria, a São Paulo. A capital paulista fica a 2.950 quilômetros de Belém por estradas, via Nordeste, distância equivalente à de São Paulo a Santarém, via Cuiabá. A vantagem fica por conta da redução do trecho fluvial, encurtando a viagem rio acima em dois dias e meio e, no sentido inverso, dois dias, já que Santarém fica eqüidistante de Belém e Manaus. Por enquanto, toda a produção agrícola de Mato Grosso é exportada através dos portos de Santos, SP, e Paranaguá, PR. Em relação a Santos, Santarém reduz a distância para Tóquio em 3.587 quilômetros e para Rotterdam (Holanda), em 3.751. No caso de Paranaguá, são 4.100 e 4.200 quilômetros, respectivamente. As obras, no entanto, ainda devem demorar. Segundo a coordenação da comissão para construção, já têm EIA/RIMA. Falta ajustar divergências relativas à responsabilidade de cada setor envolvido e, no que diz respeito ao governo federal, publicar as normas de licitação. | Retrato do chapadão: área conquistada sobre a mata | Com 204 milhões de hectares, o Cerrado é o segundo maior bioma da América Latina, atrás da Amazônia. Berço dos principais formadores das bacias Amazônica, Platina e do São Francisco, abriga mais de 6.500 espécies de plantas e uma infinidade de espécies animais. A paisagem de savana vai do campo aberto, coberto por gramíneas, ao fechado, com alta densidade de arbustos e árvores, e áreas de mata ciliar, campo úmido e rupestre. O clima é quente, semi-úmido, com verão chuvoso e inverno seco. Ocupa 24% da superfície do Brasil, cobrindo 13 estados e o Distrito Federal. O Cerrado apresenta 50 milhões de hectares de pastagens e 13,5 milhões de culturas anuais e florestais. Na safra 2002/2003, colheu mais da metade da produção nacional de soja com altos níveis de produtividade: média de 3.100 quilos por hectare em Mato Grosso, por exemplo (a média nacional é 2.765 quilos). Em arroz, feijão, milho e algodão, a performance é parecida. O custo ambiental, no entanto, foi alto. Os agricultores têm procurado manter faixas de mata e preservar mananciais, em contraponto ao rolo-compressor do passado, quando o nível de conscientização ecológica era baixo e a floresta parecia inesgotável, mas ainda é pouco. As cadeias genéticas e reprodutivas definham em áreas abaixo de 2 mil hectares contínuos. Quanto maiores, melhor. Falta, segundo consenso geral, uma política efetiva para o setor. |