Iagro abate lote de 65 suínos com doença infecciosa em Dourados
Lote de 65 suínos, contaminado pela doença de Aujeszki, foi abatido na tarde de terça-feira pela Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) na fazenda Nazaré, em Dourados. Os animais não apresentavam sintomas da doença, mas os técnicos executaram o procedimento padrão de eliminar o foco do vírus, que fica em estado latente. Em nota técnica divulgada ontem, a Iagro explicou que “a doença de Aujeszky é uma doença viral, altamente contagiosa, que afeta a maioria dos mamíferos e aves, porém os suínos e javalis são os únicos hospedeiros naturais do vírus, e nas demais espécies animais a doença é fatal. Os seres humanos não são afetados pela doença”. A doença também conhecida como pseudoraiva ou peste de coçar tem impacto econômico sobre a suinocultura, por questão sanitária, como a febre aftosa. A fazenda Nazaré, do produtor rural Estevão Minhos, fica na região no distrito do Guaçu, em Dourados. O lote foi sacrificado a tiros por dois policiais militares que acompanharam os fiscais da Iagro, todos usando macacões especiais. Depois foram transportados em caminhão da prefeitura e enterrados em vala aberta na própria fazenda. O inspetor regional da Iagro em Dourados, Antonio Éder Stefanes explicou ontem que a presença do vírus nos suínos foi descoberta no final do ano, depois de sorologia de rotina feita naquela criação, chamada de “fundo de quintal”. As suinoculturas tecnificadas (comerciais) passam por essa inspeção sanitária regular porque o produto também é exportado. Os porcos apresentaram a presença do vírus herpesvirus suideo 1 mas não haviam desenvolvido a doença e, por consequência, os sintomas clínicos característicos, como convulsões, febre e depressão nos animais jovens, enquanto os adultos sofrem problemas respiratórios. Nos dois chiqueiros onde viviam os animais, máquinas e equipamentos usados no abate foram desinfetados, o mesmo ocorrendo com o caminhão e a pá carregadeira cedidos pela prefeitura para a operação. Sigilo O abate em massa dos suínos somente foi descoberto pela imprensa porque um fotógrafo do Diário MS, de Dourados estava pescando na fazenda Nazaré, desconfiando do movimento de pessoas com roupas brancas. O gerente de Inspeção e Defesa Sanitária Animal da Iagro, José Mário Pinese explicou ao jornal que a operação foi feita em sigilo para não alarmar a imprensa ou a comunidade. “Isso não foi feito para impedir o acesso à informação, mas para evitar a entrada e saída de veículos ou pessoas no local e favorecer a disseminação da doença”, assegurou o gerente. A região do Guaçu é uma das maiores produtoras de grãos e carne do município. Nela existem javalis (inicialmente criados numa fazenda de uma rede de churrascaria de São Paulo) e javaporcos (cruzamento de javali com porco) criados soltos. A Iagro continuará o trabalho de vigilância nas propriedades para rastrear se o vírus está presente em outros locais. O vazio sanitário foi determinado apenas na fazenda Nazaré. Serão colocados animais sentinela para detectar possível atividade viral. “Se num prazo de 20 a 40 dias não ocorrer reincidência da doença, a fazenda será liberada para a criação”, esclareceu Pinese. A preocupação da Iagro com a doença é com relação ao impacto que poderia ter sido o comércio internacional do Estado. Neste caso, apenas o vírus foi encontrado e os suínos não desenvolveram a enfermidade. Em Dourados funciona frigorífico que abate 2.500 suínos por dia e grande parte da carne é destinada à exportação, principalmente para a Rússia.
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