Tuesday, April 19, 2011

Código Florestal: Dois Pesos e duas medidas

Segue abaixo artigo de um colega que eu respeito muito e que vem difundindo a agricultura conservacionista por todo o Brasil

Fonte: http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Newsletter.asp?data=18/04/2011&id=24095&secao=Colunas+Assinadas
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Eng. Agr. Rafael Salerno
Coordenador GT Javali
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Em princípio todos são a favor da preservação das florestas, da proteção e da conservação dos recursos naturais, em especial, solo, água, ar e biodiversidade, pois sabe-se da importância desses elementos para a vida do ser humano, geração presente e futura e para o equilíbrio do nosso planeta.

Há milhares de anos o homem aprendeu a produzir alimentos, deixou de ser nômade e passou a viver em grupos, dando origem às cidades e constituindo a sociedade. Para suprir as necessidades da sociedade por alimentos, energia, bens e serviços, a produção teve e continua tendo que ser ampliada, aumentado a demanda sobre os recursos naturais.

Toda ação humana sobre um ambiente causa impactos que podem ser positivos ou negativos do ponto de vista da sustentabilidade, considerando-se os aspectos econômicos, sociais e ambientais. A ocupação das áreas com vegetação natural para a criação de animais e para a produção de alimentos, fibras e energia ocorreu muitas vezes de forma desorganizada e foi baseada nos conhecimentos da época.

Para garantir a preservação de parte da vegetação natural no campo foi criada a Reserva Legal (RL) e para possibilitar a proteção dos recursos naturais foram instituídas as Áreas de Proteção Permanente (APP). Nas aglomerações urbanas, com o surgimento das metrópoles, a ocupação do solo ocorreu de forma completamente desorganizada e inconseqüente e sequer os mecanismos de preservação (RL) e de proteção (APP) foram observados.

Algumas atividades desenvolvidas no campo ocorreram antes do estabelecimento dessas normas de preservação e de proteção e se consolidaram como, por exemplo, o cultivo da uva, na região da Serra Gaúcha, o cultivo da maçã, na região dos Vales de Santa Catarina e o cultivo do café conilon, na região serrana do Espírito Santo. Até o presente momento não se tem nenhuma informação que estas atividades tenham causado algum impacto negativo significativo no meio ambiente. Elas geram produções que abastecem a nossa população, produzem divisas com os excedentes exportados e movimentam a economia através da geração de milhares de empregos e renda.

No caso das cidades a ocupação desordenada dos morros e dos vales dos rios, com a retirada da vegetação para a construção das favelas, a impermeabilização da superfície, com a pavimentação de ruas, calçadas e quintais tem provocado constantes tragédias como a ocorrida no Rio de Janeiro, no início deste ano.

No campo, os produtores rurais tem que reservar 20%, 35% ou até mesmo 80% da capacidade produtiva das suas propriedades como RL, respectivamente nos biomas Cerrado, transição Cerrado para Amazônia e Amazônia, em prol da sociedade.

Nas cidades desconheço qualquer empresário que reserve 1%, da capacidade de produção da sua indústria e conseqüentemente de poluir, em prol dessa mesma sociedade. E o que o cidadão urbano tem feito em prol do meio ambiente? Será que ele tem recomposto a mata ciliar dos rios, revegetado as encostas e os topos de morros, recolhido as embalagens vazias de refrigerantes para reciclagem ou caminhado 20%, 35% ou até 80% do seu trajeto para o trabalho ou laser, em prol do meio ambiente?

Então temos dois pesos e duas medidas. Não parece justo que a sociedade seja tão severa com os produtores rurais. Se ela deseja que áreas sejam reservadas e protegidas deve se dispor a pagar por isso.

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