Thursday, June 10, 2010

Integração lavoura-pecuária: a dobradinha perfeita

noticias :: Por Editor em 10/06/2010 :: imprimir pdf enviar celular

Integração lavoura-pecuária: a dobradinha perfeita: Vicente e Dalyana no Centro de Manejo preparado de acordo com as normas. É o maior diferencial para se conseguir a qualidade da carne
Créditos: Lineu FilhoHá dois anos a propriedade administrada pela família Nogaroli é uma Unidade de Validação de Tecnologia do Programa de Produção Integrada de Sistemas Agropecuários (PISA), coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O que significa que o sistema de produção nos 350 hectares da propriedade, em Porto Amazonas, a 100 quilômetros de Curitiba (PR), tem sido gradativamente alterado de acordo com as orientações do PISA. Arrendada ao engenheiro florestal Rogério Nogaroli pela sua mãe, a produção que era exclusivamente de grãos cedeu espaço para a pecuária com a introdução de um lote inicial de 50 animais no sistema de terminação precoce. A idade máxima para abate é de 16 meses.



O filho de Rogério, Luis Vicente, 26 anos, teve o primeiro contato com o conceito de produção integrada na faculdade de agronomia na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A experiência foi colocada em prática inicialmente numa área de 32 hectares em 2008. O conceito é desenvolver boas práticas agropecuárias. Manejo racional com bons tratos aos animais, o mínimo estresse possível para não alterar seu desenvolvimento. Controle sanitário, instalação rural adequada e boas práticas ambientais. Também são importantes o plantio, a área de pastagem e a compra de animais são escalonados. "O segredo é a observação. O manejo é definido pela altura de entrada e saída dos animais que é o mais importante e depende de fatores como condições climáticas", explica Nogaroli.

FORMAÇÃO

Centro de manejo, cerca definitiva e elétrica, caixa d’água com sal foram alguns dos investimentos necessários. Vicente recebe orientações e acompanhamento de um Comitê Técnico Gestor (CTG), coordenado pela Universidade Federal do Paraná e composto por diversas instituições, entre elas o Senar-PR.

Em parceria com o PISA, o Senar-PR mantém o curso de formação de instrutores em Forragicultura estabelecimento, recuperação e reforma de pastagem. Num deles foram realizadas visitas técnicas na propriedade de Nogaroli para se observar os diferenciais aplicados como: práticas de conservação de solos em plantio direto; cultivo de aveia e azevém; integração lavoura-pecuária (ILP); áreas de pastagens perenes adubadas; terminação de bovinos de corte; espécies forrageiras adaptadas à região dos Campos Gerais e consorciação de gramíneas e leguminosas. Vicente busca no programa as ferramentas para uma produção com qualidade. Ele enumera as vantagens com empolgação: gestão Integração lavoura-pecuária: eficiente, redução de custos de produção, aumento da produtividade e da rentabilidade e diminuição dos impactos ambientais, entre outras.

A namorada de Vicente, engenheira agrônoma como ele, Dalyana Mayer também participou da implantação do programa. Desde o período acadêmico é uma defensora da viabilidade econômica da pecuária. "A agricultura está suscetível ao clima, as pragas e ao preço de mercado. A diversificação garante a estabilidade ao produtor, mas sempre aliada à lavoura". Ela também foi uma das participantes do curso de forragicultura. Os funcionários da propriedade tinham experiência em lavoura, mas pela sua experiência em pecuária, Edson da Silva Machado foi contratado como gerente.

GANHOS DE PRODUTIVIDADE


Integração lavoura-pecuária: a dobradinha perfeita: Primeira área de integração aguardando a entrada dos animais
Créditos: Lineu FilhoOs resultados da mudança no sistema de produção começam a aparecer. Com a pastagem de inverno associada à aveia e azevém, os animais com potencial genético têm tido em média um ganho de peso de 1,5 quilo por dia no primeiro mês. "Na última pesagem tivemos 2,230 quilos/dia", afirma Dalyana. A média brasileira, no sistema extensivo, é de 90 quilos de carne/ano por hectare. A família Nogaroli tem conseguido 1000 quilos de carne/ano por hectare. Dalyana ressalta que é um sistema mais caro, mas que produz muito mais. "Comercializamos para um mercado diferenciado de carnes nobres com preço maior por arroba e rendimento de carcaça de 10% a 15%".

"Dá pra ganhar peso com pastagem de qualidade, sem precisar confinar. Tempo é fundamental, tem que ser intensivo. Acabar o animal o mais rápido possível", complementa Vicente. Eles ainda produzem de 3 a 4 mil quilos de soja. Na última safra colheram 10 sacas a mais por alqueire na área de pastagem do que nas outras. Com o detalhe de que não se trata de uma área tradicionalmente mais produtiva.

A adubação diferenciada do sistema na pastagem e não na cultura permite maior absorção dos nutrientes. A lavoura não sendo adubada reduz o risco de perdas com as condições climáticas e elimina-se o custo do adubo, baixando o da produção. A área do programa já passou para 132 hectares e a idéia é ampliar ainda mais até atingir a área total. O planejamento é de entrega de 120 animais para a Aliança Mercadológica Novilho Precoce, de Guarapuava, em 2011, até chegar a 1,2 mil animais/ano.

AUMENTO DE EFICIÊNCIA

O coordenador-técnico do PISA, professor Aníbal de Moraes explica que ao difundir tecnologias já consagradas está se buscando aumento da eficiência, da renda e redução de risco. Caso do plantio direto que deve ser adotado mesmo no plantio de pastagem. "Não é exclusivo das lavouras agrícolas. Como técnicos temos que estimular o plantio direto em toda circunstância".

Para ele este é o desafio para as próximas décadas: "a transformação da produção agropecuária tradicional para uma produção racional, sustentável usando toda a tecnologia disponível que não é pouca".

Segundo ele, a pecuária extensiva predomina no Estado, mas o sistema integrado eleva a receita significativamente. "O incremento pode variar entre 300% a 500% da renda".

Na avaliação do professor, a propriedade dos Nogaroli "já é a mais eficiente da região, porque é um empresário sem os vícios do pecuarista , permitindo exercer a atividade de forma correta". O Ministério da Agricultura, baseado nas unidades comparativas, vai elaborar um documento com orientações básicas de procedimento para se desenvolver a certificação de propriedade. "Não é um pacote tecnológico. Cada propriedade tem suas características próprias que podem ser aproveitadas e uma estrutura de solo diferente que precisa ser considerada".

COMO PARTICIPAR


Integração lavoura-pecuária: a dobradinha perfeita: Aula prática em propriedade da região
Créditos: Lineu FilhoBuscando um diferencial competitivo com novas alternativas de aproveitamento da propriedade, o Sindicato Rural de Palmeira tem sido o principal motivador no desenvolvimento de capacitação aos produtores na região. Nos dias 10 e 11 de junho de 2010 será realizado o primeiro módulo do curso Integração Lavoura-Pecuária para produtores e técnicos da área. São cinco encontros, uma vez por mês, com capacitação teórica na sede do sindicato e pratica nas propriedades da região. A adesão ao PISA é voluntária basta que o produtor procure o sindicato rural de seu município ou o supervisor do Senar-PR.

MAIS INFORMAÇÕES

Senar-PR
R.Marechal Deodoro, 450 - 16ºandar
CEP 80010-910 - Curitiba/PR
Telefone: (41) 2106-0401
Fax: (41) 3323-1779

FONTE

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Estado do Paraná
Cynthia Calderon - Jornalista
Telefone: (41) 2106-0401
Links referenciados
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Estado do Paraná
www.senarpr.org.br

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
www.agricultura.gov.br

Universidade Federal do Paraná
www.ufpr.br

Aníbal de Moraes
buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visual
izacv.jsp?id=W06235

Senar-PR
www.senarpr.com.br

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