Tuesday, June 16, 2009

Integração Lavoura-Pecuária: pesquisa comprova melhor utilização do solo

http://www.agrosoft.org.br/agropag/210687.htm

De um lado a lavoura; do outro a pecuária. Ao centro, o objeto comum de ambas: o solo. Para diminuir a derrubada de florestas para que seja feita a expansão agropecuária, pesquisadores da Embrapa Cerrados, unidade localizada em Planaltina (DF), desenvolvem um trabalho com o objetivo de integrar as duas áreas de atuação.Segundo Robélio Leandro Marchão, pesquisador da Unidade e atuante no projeto Integração Lavoura-Pecuária: Uma proposta de produção sustentável para a Região do Cerrado e áreas de influência, essa proposta já é realidade no Brasil. "Isso se deve graças aos esforços da pesquisa, a perseverança e a dedicação dos nossos produtores, que sempre estão em busca de inovações", afirma.A Embrapa Cerrados acompanha os desdobramentos da ação no Oeste da Bahia. "Lá os produtores especializados em produção de grãos e fibras estão firmando parcerias com pecuaristas especializados em recria e terminação de animais, que estão sendo terminados semiconfinados nas pastagens implantadas em sistema de consórcio com milho", observa o pesquisador. "Além da intensificação do uso da terra, a ILP está trazendo grandes benefícios ao sistema de plantio direto, que é uma tecnologia imprescindível para a sustentabilidade dos solos arenosos do cerrado baiano."O tempo para a implantação tanto da lavoura quanto da pecuária em uma área obedecem o calendário agrícola, que coincide com o período chuvoso. Já as pastagens são implantadas na entressafra, que acontece, no Cerrado, na estação seca. "Assim é possível utilizar as áreas de lavoura para engorda e terminação de bovinos num período em que normalmente não estaria sendo conduzida nenhuma atividade na fazenda. As pastagens na ILP permanecem verde por praticamente todo o período seco, em uma época em que é comum encontrar pastagens completamente secas e com baixissimo valor nutritivo", diz Marchão.ECONOMIAO pesquisador afirma que o modelo traz benefícios econômicos. "O que vem acontecendo nos últimos anos é que a atividade pecuária sozinha não consegue pagar os investimentos necessários à manutenção das pastagens e os pecuaristas entraram em um ciclo vicioso de cada vez menores índices zootécnicos e maior o custo de renovação/recuperação das suas pastagens", analisa Marchão. "Se o produtor de grãos dedica parte do seu capital à pecuária, ele acaba aplicando o recurso em uma atividade de menor risco quando se compara a pecuária com a agricultura. Na safra passada, por exemplo, nós acompanhamos um caso de um produtor que fazia ILP e teve sua safra de grãos comprometida devido à falta de chuvas. Com a venda dos animais ele conseguiu pagar os insumos que foram adquiridos para a implantação da lavoura", complementa.Do ponto de vista do solo, a não variabilidade de aplicações a serem feitas traz uma perda na biomassa. "A causa [de uma área territorial improdutiva] está mais relacionada à degradação das pastagens que, devido ao manejo errado da própria pastagem (superpastejo) associado à ausência de reposição e manutenção da fertilidade do solo, leva a uma condição de baixíssima produtividade da pecuária", comenta. "Após a degradação da pastagem que tem como consequência uma baixa produção de biomassa e uma redução da cobertura do solo, ocorre também a degradação do solo (compactação, desagregação), que em condições extremas pode causar erosão, assoreamento e poluição dos cursos d'água".BENEFÍCIOS DA ILPRobélio Marchão aponta que há um sinergismo quando se unifica as duas atividades. Ele comenta que a pastagem, devido ao seu sistema radicular abundante e agressivo associada a produção de uma grande quantidade de biomassa, pode favorecer a qualidade física e biológica do solo e aumentar produtividade das culturas anuais subsequentes. "Na lavoura implantada logo após a pastagem, a melhoria da qualidade do solo permite ainda reduzir o uso de fertilizantes devido a uma maior eficiência de utilização destes pelas plantas. Da mesma forma há uma redução do uso de defensivos devido à menor incidência de pragas e doenças".Para a área estudada, a Embrapa Cerrados desenvolveu sistemas de consórcio entre culturas anuais e pastagens. "As culturas mais utilizadas no consórcio com gramíneas forrageiras são o milho, o sorgo e o arroz", explica o pesquisador. Por outro lado, a soja não possui ainda resultados consistentes. "Mas a Embrapa está trabalhando para desenvolver novas cultivares de forrageiras (pastagens) que sejam adaptadas ao consórcio com a soja. Novas linhas de pesquisa estão sendo trabalhadas graças ao advento da soja transgênica, que permite um maior controle do sistema utilizando herbicidas para controlar o crescimento do capim".DESAFIOS FUTUROSMarchão aponta que existe uma barreira a ser ultrapassada para o desenvolvimento da ILP. "A entrada de animais em áreas tradicionais de grãos exige uma estrutura física e logística que, muitas vezes, pode tornar inviável a integração. Para os agricultores, o alto custo dos animais, a falta de crédito e a ausência de abatedouros próximo à região são desafios que ainda necessitam ser superados. Para os pecuaristas, o alto custo do maquinário, a falta de assistência técnica e questões culturais ainda são barreiras à atividade de produção de grãos", observa.Para o futuro, além da tentativa de resolver alguns gargalos do sistema, está sendo estudada uma nova adição ao ILP. "A inclusão do componente florestal (integração lavoura-pecuária-floresta - ILPF) está sendo estudada e é uma aposta da Embrapa na busca da sustentabilidade da agropecuária brasileira", comenta.Apesar do trabalho ter sido desenvolvido na Embrapa Cerrados, ele foi realizado em rede com outras unidades da empresa, o que cria novas perspectivas de aplicabilidade. "Isso permite que os resultados sejam aplicados nos diferente biomas, desde que sejam respeitadas as características e especificidades de cada região", finaliza Marchão. FONTERede de Inovação e Prospecção Tecnológica para o AgronegócioMichel Lacombe - Jornalista
Posted by Picasa

No comments: