Sunday, June 26, 2011

MS: Javalis são pragas, devastam lavouras e colocam granjas em risco

Javalis são pragas, devastam lavouras e colocam granjas em risco

MONTEZUMA CRUZ | RIO BRILHANTE E DOURADOS 26/06/2011 17h40

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Foto: PAULO RIBAS/CORREIO DO ESTADO
Em cada mil hectares perambulam pelo menos cem javalis

Os javalis (Sus scrofa ) atacam em bando e deixam vários clarões no meio da lavoura. Os ataques vêm ocorrendo há três anos. Mas em 2008 a situação se agravou. O problema começou porque javalis de criatórios clandestinos foram soltos na região e encontraram um ambiente perfeito na zona rural , onde há água farta e alimento – os cultivos. Como não há predadores, como onças, eles viraram praga. Resolução do Imasul/Secretaria de Produção e de Justiça tenta frear o crescimento dessa população, e já estabeleceu, em outubro de 2010, medidas emergenciais de controle ambiental do javali, como, por exemplo, o abate dos animais considerados nocivos à agricultura ou à saúde pública. Porém, os produtores rurais precisam, antes, capturar o animal e comunicar a ocorrência em agências da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal do Mato Grosso do Sul (Iagro), ou Polícia Militar Ambiental, Polícia Militar ou escritório do Ibama. Mediante licença de qualquer um desses orgãos, poderá, então, fazer abate "assistido".

O porco comum está sujeito a febres e pestes. Imagine-se então o vasto território dos javalis, onde ele passa a exigir cuidados redobrados da Vigilância Sanitária Animal pela proximidade com granjas de porco comum. Enquanto as porteiras não são totalmente fechadas, agricultores assustam os bichos com o espocar de foguetes e se valem da cerca elétrica.

Essa é a situação dos irmãos Alceu Luiz e Davi Vincensi, que cultivam 970 hectares de milho híbrido dentro dos 1,6 mil ha da Fazenda Boa Esperança (Distrito de Prudêncio Thomás), parte deles já "visitados" pelos javalis. O temor de que esses animais transmitam doenças ao rebanho de nove mil cabeças foi manifestado por eles à prefeitura e ao Sindicato Rural de Rio Brilhante, que por sua vez espera providências do governo estadual e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A estimativa geral na região é a seguinte: em cada mil hectares perambulam pelo menos cem javalis, que destroem uma faixa de 50 ha do milho, acarretando um prejuízo de três a quatro mil sacos do produto. "Isso representa para nós uma cifra entre R$ 60 mil e R$ 80 mil a menos no negócio", diz.

Gaúchos de Panambi, os irmãos Vincensi chegaram em 1978 em Rio Brilhante. Em sociedade, atualmente eles mantêm 550 matrizes da genética da Agroceres na granja da Fazenda Mata Azul, no Distrito de Cruzaltina, município de Dourados. São as espécies Landrace, Larg White e Camborough.

O cruzamento de fêmeas Camborough 25 com machos AGPic resultam em filhotes F1. Esses suínos acumulam menos gordura e mais carne aprovada pelos consumidores nacionais e no mercado de exportação, cujos abates abrangem porcos de 100 a 110 quilos.

Impróprio

"Esse bicho selvagem é impróprio para ser criado normalmente; não há meio, e eu até penso no que pode resultar um ataque dele às pessoas", diz Alceu Luiz ao Correio do Estado.

Defensor da caça e do abate controlados de javalis, catetos, queixadas e java-porcos, a exemplo da direção do Sindicato Rural de Rio Brilhante, ele informa ter adotado cuidados gerais no embarque dos suínos caseiros. Veterinários e fornecedores apóiam o trabalho sanitário na granja.

Pela rusticidade, o javali e seus assemelhados demoram dois anos para se desenvolver, enquanto o porco criado em granja consegue 110 quilos de cinco a seis meses. No entanto, a gestação de porcos é semelhante: ocorre em três meses, três semanas e três dias. Daí, a farta reprodução.

"Porco tem o instinto da aproximação e a nossa criação vive esse perigo; os javalis invadem até os cochos do gado para comer o sal", relata Luiz Vincensi. "Ficou perto, se aproximou demais, a doença pula rapidinho", ele comenta.

O mesmo raciocínio é manifestado pelo comerciante e agricultor José Boniatti, proprietário da Abro Bonser em Dourados. Ele também defende a liberação da caça: "O estrago está feito, porque o porco caseiro escapou e cruzou com o javali." "Certo é o Ibama autorizar a caça, porque é complicada a captura do bicho."

Dos 450 ha de milho híbrido cultivados, Boniatti perdeu 12 ha, correspondentes a 840 sacas de milho que somam prejuízos de R$ 16,8 mil. "Se a gente produzir bem, tem até para eles, os javalis e os ladrões de milho; desses também nos queixamos, mas nos limitamos aos BOs na delegacia", ele diz. Conformado, ele acrescenta: "Do jeito que está, mantendo a terra já está de bom tamanho."

Sistema Integração Lavoura, Pecuária e Floresta faz aflorar nascente em fazenda

Sistema Integração Lavoura, Pecuária e Floresta faz aflorar nascente em fazenda

noticias :: Por Editor em 21/06/2011 :: imprimir pdf enviar celular


Sistema Integração Lavoura, Pecuária e Floresta faz aflorar nascente em fazenda: Sistema ILPF na Fazenda Sucupira, em Florestal, Minas Gerais
Créditos: Walfrido Machado - Emater/MG
A utilização do sistema Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), aliada a práticas de plantio direto, adubação, subsolagem (descompactação do solo) e manejo correto da pastagem (controle do rebanho que pasta), provou que é possível recuperar áreas degradadas e até fazer brotar água em locais secos. O fato aconteceu na Fazenda Sucupira, em Florestal, na região Centro-Oeste de Minas Gerais, propriedade do agricultor familiar Heleno Xavier, atendido pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). Segundo o agricultor, há mais de 20 anos não aflorava água no terreno.

Sistema Integração Lavoura, Pecuária e Floresta faz aflorar nascente em fazenda


Como parte do programa da Seapa, que vem estimulando a adoção da ILPF, foi montada no local, em 2009, uma unidade demonstrativa com 700 mudas de eucalipto em uma área de um hectare. Posteriormente, com a assistência da Emater-MG, o produtor também plantou e colheu milho. Agora, enquanto aguarda a maturidade dos eucaliptos para o corte e venda da madeira, ele utiliza a área para pastagem do gado. "O gado pasta mais no meio dos eucaliptos do que no espaço natural, pois aqui, a pouca incidência de sol deixa o ramo mais verde e a criação gosta mais assim", afirma Heleno Xavier.

Ele agora faz planos para a nascente que apareceu após a implantação do sistema ILPF e fala de mais ações para perenizar o novo recurso que flui da terra. "Queremos cercar essa grotinha e fazer o plantio de plantas nativas, para no futuro a gente ver a água correndo. Têm muitos tipos de plantas que são de água, como o inhame, que é típico de brejo. Acredito que se nós plantarmos isso aqui, teremos água correndo pra todo lado", argumenta.

A propriedade de Xavier se tornou modelo do sistema ILPF na região e agora sedia dias de campo para ensinar a técnica aos interessados. Satisfeito com os resultados das intervenções, o extensionista agropecuário Marcelino Mendes chama atenção para o aspecto educativo do trabalho. "O objetivo foi melhorar a fertilidade do solo da fazenda e gerar renda para o produtor, mas além disso, gostaria de ressaltar a importância de o trabalho estar gerando consciência ambiental como mostra a decisão do produtor Heleno Xavier em cercar a nascente", explica Mendes.

De acordo com o técnico, os eucaliptos foram plantados no espaçamento dez por dois, para favorecer a integração da lavoura e da pecuária e também a infiltração da água de chuva. De acordo com Mendes, em Florestal foram implantadas três unidades demonstrativas e oito produtores já adotaram o sistema no município.

Para o coordenador técnico da regional Emater-MG de Sete Lagoas, Walfrido Machado, o bom resultado da experiência de Florestal contraria o senso comum de que o plantio de eucalipto é nocivo ao solo por consumir muita água. "O plantio incorreto do eucalipto é que traz problemas", diz, acrescentando que a prática de desmatar, revolver o solo e plantar as mudas sem as técnicas adequadas deixa o terreno desprotegido, sem capacidade de reter água.

"Isso forjou uma fama errada do plantio de eucalipto, pois como o terreno ficava sem cobertura vegetal, a infiltração da água era menor. Na Fazenda Sucupira, com o reflorestamento e a recuperação da pastagem, a água passou a ser mais absorvida e isso alimentou o lençol freático, fazendo brotar a nascente", explica Walfrido. Na regional Sete Lagoas cerca de 70 produtores de dez municípios já adotaram a Integração Lavoura, Pecuária e Floresta.

FONTE

Agência Minas

Links referenciados

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais
www.emater.mg.gov.br

Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
www.agricultura.mg.gov.br

Agência Minas
www.agenciaminas.mg.gov.br

Emater-MG
www.emater.mg.gov.br